segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Final.

Roupa branca. Copos de espumante. O dia vai acabando e as pessoas se reunindo. Vai caindo a noite e a música começa a tocar. As luzes vão se apagando e o dia se acabando. Dia 31 de dezembro. Seja do ano que for, deixou marcas e memórias inesquecíveis em cada um. Já já vira o ano. As pessoas vão dançando e o dia se acabando. Anoitece. Daqui a pouco. Meia hora. O dia se acabando. 20 minutos. 10 minutos. 5 minutos. 1 minuto. Quase lá. 30 segundos. 10 segundos. 9, 8, 7, 6. As pessoas se aproximando. O tempo acabando e o dia se acabando. O ano se acabando. Entra agora um novo ano, novas histórias, novas memórias, novas pessoas, novos lugares, novas viagens, novidade. 5, 4, 3. Falta pouco. As pessoas vão se abraçando, vão se aprochegando, vão se amando. Começam a olhar pro céu. Em poucos segundos estará coberto de cores e luzes. A espectativa vai aumentando. O calor, a saudade, o amor. 2. É agora ou nunca. O último segundo, o último pensamento, a última música, o último beijo. 1.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Amor se Escreve com 's'

(Rubens, porque o amor é plural.)

Impressionante. As pessoas são surpreendentes. Nem sou lá tão fã de pessoas. Existem sim pessoas boas. Eu nem a conhecia... e ela me ajudou. E eu aqui com meus julgamentos, com minhas mil camadas de críticas. Até parece que tenho algo a esconder... fechada do jeito que sou. Quieta na minha conjunção. Definições nos aprisionam, somos o que somos. Com distinções, sem conceitos ou arquitetos. Não adianta tentar mudar ou se esconder por trás de máscaras para não verem quem realmente somos. Não importa o que falem e é isso aí. Aprendendo a conviver consigo mesmo. Difícil isso. Às vezes nem nós mesmo nos suportamos, quem dirá os outros. Essa coisa de estar com alguém... muito subjetivo. Ninguém é dono de ninguém. Não se controla um ser humano. Igual não se controla amor. Quem gostamos ou deixamos de gostar. Sentimentos são impulsivos. Não acontecem quando desejados. Simplesmente acontecem. Estão dentro de nós e se manifestam quando estimulados. Pelo que quer que seja. Aí vai de cada um, somos influenciados diferentemente por coisas iguais. Que na verdade não são iguais pra pessoas diferentes. Cada uma com sua subjetividade observa algo da sua maneira, com seus olhos. Nada é o mesmo quando tratamos de pessoas e interpretações.

Te observo cautelosamente. Com olhar de águia, reparando em cada detalhe. Você devia usar mais preto... lhe cai bem. Só um segundo, e nossos olhos já não se encontram mais. Acabou. Virou as costas e foi embora.

Vamos vivendo. Assim.
Amando com muito ódio e odiando com muito amor.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Política Também Termina com 'p'

partindo do princípio de que
políticamente o partido
procura proclamar
pacificamente prosperidades populacionais


não nos enganemos com a politicagem desse povo.

domingo, 16 de dezembro de 2012

[Morena] Grande Menina

Morena na frente do espelho
De maria-chiquinha
Vestido de bolinhas
Sapato de boneca

Já foi, mulher
Tu não é mais menina
Não adianta fazer maria-chiquinha
E colocar sapato de boneca
Já passou o tempo de fazer brincadeiras
Anda
Depressa
A vida não espera por ti
Acordar cedo e se arrumar pro trabalho
Salto-alto e roupa social
Coque
E um batom pra completar
Acabou a mordomia
O dia corre
E o tempo urge

Agora tu é mulher, morena
Não brinca mais lá fora
Não rola na lama, não come fruta do pé
Agora tu é mulher, morena

Agora
Agora tu cresceu

sábado, 15 de dezembro de 2012

Sufixo Problemático

Vocêzinho aí!
É, tu mesmo.
Tô falando é contigo!

Você fica aí se achando todo bonitinho, todo especialzinho com essa sua vidinha mediocrizinha e certinha.
Se acha todo engraçadinho com suas piadinhas, suas cartinhas, seus presentinhos.
Mas não é bem assim...
Não é só porque é -inho que pode.
Na verdade não, não pode.
Sufixo não é justificativa para agir desse seu jeitinho.
Vê se toma tenênciazinha nessa sua vidinha e se resolve.
Porque não vai ser possível a convivência desse jeito...

Acho que é esse tal de sufixo que te atrapalha, esse diminutivo que complica.
Livre-se disso.
Seja você. Só você.
Sem depois, sem adicionais, sem sufixos ou diminutivos.
Sem as complicações.
A vida já é complicada demais pra isso.

Vê se esquece esse finalzinho.
Não seja alguma coisa -inho.

Cada um com sua índole.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

La Noyée


Calmamente. Começa calmamente. Com sutileza e carinho. Te envolvendo por completo. Começa a tirar teus pés do chão e te levar a lugares desconhecidos.

Avança. Você está chegando lá. Já flutua.

Daí chega no ápice. Você já foi levado a todos os lugares possíveis. Sentiu tudo o que tinha pra sentir. Não há nada que você não possa fazer, nada que não possa alcançar, nada que não possa amar.

Avança. Você agora volta. Volta a seu lugar. Ainda flutua, mas está chegando.

Um final triunfante, cativante, emocionante. Você voltou mas não está aqui. Ainda se sente flutuando.

Avança. Você precisa disso. Mais uma vez.

E a música começa de novo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

[Morena] Pequena Mulher

Morena na frente do espelho
Com vestido de festa
Salto 15
Batom vermelho

Calma menina
Tu ainda há de virar mulher
Não adianta passar batom na boca
Colocar um salto alto
Desce
Espera
Não pule
Um passo de cada vez
Viva cada momento
Viva tua infância
Pois não se tem de volta nada disso
A partir do momento que se vira mulher
Acabou
Virou mulher e daí pra frente
Já era

Volta a ser menina, morena
Volta a brincar de boneca
Correr lá fora, subir em árvores
Volta a ser menina, morena

Volta
Volta pra mim

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Parece Mas Não É

Cotidi
Ano

Cala
b
Ouço

Contra
Adição

Cor
Ação

Sangr
Ando

Para
Médico

Prima
Vera

Acon
Tece

Meta
Fora

fim

domingo, 18 de novembro de 2012

Rodando Vivamente

roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda VIVA

rodando o mundo
roda-gigante

rodando moinho
rodando pião

o tempo rodando neste instante
nas voltas do meu coração

roda mundo
roda roda-gigante
roda moinho
roda roda-pião
AH
nas voltas do meu coração

VIVA roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda roda

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Dezoito

(Dedicado à mim, aos meus dezoito.)

Se vive
Se ri
Se sofre
Se morre
                              {por amor

Fazer o quê? Somos feitos assim.
Não adianta evitar.
É nossa melhor qualidade e nosso pior defeito, ao mesmo tempo.

Chega alguém e me pergunta o que aconteceu, mas eu não quero falar, só quero ficar na minha e, talvez, chorar.

Não tanto quanto eu queria
Não tanto quanto deveria

Eu não quero me explicar.

Porque num segundo a felicidade acaba, passa. Parece que é mais fácil viver triste certas horas. Deve ser coisa da idade... Até porque adolescente tem mania de amplificar os sentimentos, deixá-los super agoçados.

A felicidade é explosiva e espontânea
A tristeza é dramática e duradoura
Os amores são efêmeros
E muitas amizades perduram

Espero que tenha escolhido as certas...

sábado, 10 de novembro de 2012

De Dez ao Meio-dia


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Ma-i-s Não.

Foi atrás dele. Começou a atravessar a rua correndo. Mas no meio do caminho foi pensando 'eu estou fazendo isso por que mesmo?'

E pensava e pensava. E foi diminuindo o passo, foi desacelerando. Até que parou. Parou, olhou para o chão, depois para o lado. E viu que se aproximavam dois faróis. Não sabia se eram de carro ou de caminhão. Mas sabia que vinham em sua direção. Pensou em correr de novo, acabar de atravessar a rua, mas decidiu não. Voltar? Também não. Decidiu que ali ficaria, parada, encarando os faróis.

Faltando bem pouco para tocá-la, olhou para o chão novamente, e fechou os olhos. Foram os segundos mais demorados de sua vida. Começou a lembrar de tudo, desde quando era criança. Lembrou de seu pai, que ali já não mais estava. Era tão jovem, não sabia se havia sido de morte morrida ou morte matada. A única coisa que sabia era que não sabia dele. Não lembrava suas feições, seus hábitos, suas chatices. Sua mãe, que depois disso meio que ficou louca. A cada dia que acordava, esperava pelo marido na varanda. Lembrou de seu irmão, que logo casou e saiu de casa. Caíra sobre ela a responsabilidade de cuidar da mãe doente. 'Eu tinha o quê? 10 ou 12 anos, por aí.' Lembrou também dos anos que seguiram. Sua mãe era muito difícil de se lidar. Se virou muito sozinha, passou apertos e dificuldades, e não tinha ninguém para desabafar, para se reconfortar. Foi quando o encontrou, quando o conheceu, quando se apaixonou. (coração disparado) Não sabia direito como isso acontecia, ou porque, nunca tinha se apaixonado. Ele tinha seus defeitos, assim como ela, mas sempre fora muito bom para ela. A ajudava com a casa e com a mãe, estava sempre a seu lado. Mas haviam certas horas, em que ela precisava dele ou queria sua companhia e ele lá não estava. Sumia, do nada. (coração parado)

E abriu os olhos. Olhou para frente e lá estava ele. A sua frente mas ao mesmo tempo a quilômetros de distância. Por detrás dos óculos, uma lágrima escorria em seu rosto. E ela sorriu. Fechou os olhos novamente. Mas dessa vez, não estava cabisbaixa. Não. Virou sua cabeça em direção ao céu. E sentiu gotas caindo em sua face. Só então percebeu que chovia. 'Que bom. Eu amo a chuva.' (coração)

O engraçado foi que ele não a impediu. Sabia o que ela estava fazendo mas nem se manifestou tentando mudar seu destino. Ele entendia que ela precisava daquilo. E, no final das contas, só queria estar lá por ela. Por mais que em muitos momentos não estivesse, nesse, em especial, ele estava. Ele queria estar, ele precisava estar. Lutou contra todos os seus instintos e desejos com todas as suas forças para não correr até lá, porque sim, ele realmente entendia que era daquilo que ela precisava, por mais que lhe doesse a dor mais profunda no peito. Quando seus olhos se encontraram ele segurou o mais fortemente que conseguiu para não derramar as lágrimas que estavam presas em seus olhos, mas não foi possível, uma delas acabou escapando. Nesse momento, ele tinha que ser forte por ela. Tudo isso era maior do que ele, ela precisava de sua companhia.

Mal sabia ela (pelo menos, não conscientemente) que ele havia ido buscar notícias, e que estava voltando para contar-lhe. Uma triste porém feliz notícia. Sua mãe, doente e louca, havia falecido. Ela não teria mais que tomar conta delas duas, apenas de si. Tinha cumprido sua tarefa, feito sua parte. A partir do momento que havia decidido ficar no meio da rua havia sentido que não tinha mais aquele peso em seus ombros, não sabia porque, mas se sentia extremamente leve, livre.

E com os olhos fechados, encarando o céu, caiu.

Abriu os olhos e a primeira coisa que viu foi ele. Não conseguia mais conter as lágrimas o pobre rapaz. Já estava até com os olhos vermelhos e o rosto inchado de tanto que chorava. Mal conseguia falar. Beijou-lhe os lábios. 'Pensei que você não vinha. Pensei que, neste último momento, me deixaria.'
'Não! Não poderia... E peço desculpas por todas as vezes que o fiz. Não era minha intenção. Não espero que compreenda, principalmente agora, mas quero que saiba que não foi por mal. Mas é que...' E ela beijou-lhe os lábios. 'Não interessa. Você teve seus motivos, eu só gostaria que os tivesse compartilhado comigo. Mas não preciso mais saber. Tudo bem, eu te perdoo.'

Mais uma vez se beijaram. Quando ela abriu os olhos viu um clarão. Sol.

E ele? Não, ele ficou.

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

O Quase-nada

Andando na rua
A cada esquina
Pelos corredores
A cada passo

Um segundo, dois ou dez
Bem rapidamente
Ou uma eternidade
[depende

Pela janela
Todas as intimidades,
Cores e sentimentos

Detalhes
Pequenos, simples e minusciosos
Detalhes

No dia-a-dia
[A] toda hora
Mas nem reparamos
Nem nos damos conta

Detalhes
Pequenos, simples e minusciosos
Detalhes

Que passam despercebidos

E se conhece alguém
se troca
se enamora
se ri
se descobre
se promete
se despreza
se vive
se morre (?)

Se promete.

Me dê seu olhar
Que eu te dou meu coração

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

10h15 da Manhã

rabiscando rabiscos na imensidão
pinturas colorindo a solidão
palavras espalhadas pelo chão

imagens que não saem da cabeça
memórias que não se apagam

pelo menos eu sei que há um que não me deixará
meu violão
sempre meu companheiro de isolamento
e minhas palavras
sempre, sempre me acompanham aonde quer que eu vá

porque de repente se acredita
              de repente acontece
              de repente tudo pode
              de repente amor
              de repente se sabe
              de repente se morre
                                    e de repente acabou.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Domingo Nublado

Eu preciso ficar sozinha, preciso de um tempo pra mim, pra cuidar de mim.

Eu só quero sair daqui. Não quero ninguém. Quero ficar só e não ser incomodada. Não quero que se preocupem, não quero que se importem, não quero que perguntem. Só quero que me deixem. Só quero parar e ser. Só quero bons livros para ler e cadernos para escrever.

Quero sentar na grama, poder olhar para o infinito e saber que nada vai me perturbar. Quero ir a uma ilha deserta e me esquecer por lá. Quero sair de tudo, esquecer de todos por um momento e só parar. Quero ir para o campo, algum lugar que eu possa ver o céu, que eu possa admirar a paisagem, que eu possa sentar e ler, sentar e pensar, sentar e parar, sentar e, talvez, morrer.

Quero esquecer da vida por um momento, esquecer de onde venho e para onde estou indo. Esquecer dos problemas, esquecer das alegrias, esquecer das paixões. Esquecer dos amigos, dos amores, das pessoas. Esquecer de tudo e de todos. Não quero nem saber o que vai acontecer com as pessoas ou com o mundo. Por mim, ele poderia se acabar a qualquer momento. E eu, nada faria.

Eu ando sem paciência com a humanidade. No fundo, é assim que me sinto. Eu me irrito com as pessoas e o que elas dizem e nem sei bem direito porque. Eu não sirvo pra ter essa rotina, ver as mesmas pessoas todos os dias, ter o mesmo tipo de conversa. Eu não me encaixo nesse tipo de convivência.

Eu, simplesmente, não sou assim. Não sirvo pra pessoas.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Epílogo

(Dedicado à Dani.)

Que isso apazigue teu sofrimento
Que isso perpetue teu coração
Que isso situe a tua vida

Porque o tempo passa
e as coisas também.
Ficamos com o resquício dos momentos,
as sombras das memórias,
o tratamento das doenças.

Toda dor um dia cessa.
Seja por esquecimento,
superação,
ou morte.
Ou mesmo,
a substituição por outra dor.

Porque no final do dia,
parece que tudo vai se ajeitar
[ou desabar]

Depois do fim,
sempre vem outro começo

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Eu Acontecer

Nascer do sol
Eu amanheço
E vem a manhã
Que passa despercebida
Mas demora uma eternidade

Sol a pino
12h, meio dia
A partir de agora
Eu entardeço
Pela tarde longa
Vago

E chega a noite
A melhor hora
Noite iluminada
Seja por luzes
Seja por lua
Deitada sob o céu
Anoiteço

sábado, 20 de outubro de 2012

Pois Ser

(20 de outubro, dia do poeta.)

Porque não importa o que digam
Sou completa
Sou perfeita do meu jeito
Só por ser eu
E mais ninguém

Pois É

Eu não preciso de ninguém
Vivo muito bem sozinha
Mas, apesar de tudo, eu gosto de pessoas
[não de todas]
E eu sei
Que não se vive sozinho

Pois Sou

Porque eu não sou uma pessoa de poucas palavras
Sou apenas uma pessoa
Sou apenas palavras
Eu sou as palavras
E não sou pouca

Pois Ser

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Ando Indo

Vou sangrando
Saio cantando
Caio andando

Sangro indo
Canto saindo
Ando caindo

Ando indo
Indo e vindo
Vindo andando

Vou sangrando saindo cantando caindo andando
Saio cantando caindo andando indo sangrando
Caio andando indo sangrando saindo cantando

Vou pra não parar
Sangro até a morte
Saio pela porta

Canto de uma vez
Caio no chão
Ando até o fim da rua


segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Não é a primeira vez,

todo mundo tem uma história assim.

Eu posso ter a raiva que for de você, eu posso não falar mais com você, mas eu ainda espero que você repare quando eu passo. Espero que você ainda me note nos corredores. Espero encontrar teu olhar na multidão.

por que

Você nem sabe, mas eu dedico mais textos a você do que a qualquer outra pessoa, mais do que percebem. Pros outros só parecem palavras bonitas, mas pra mim são cheias de significados. Cheias de segundas intenções.

quem nunca se apaixonou?

Mal consigo escutar quando alguém diz seu nome, já começo a pensar diversas coisas e logo me perco. Me perco com teu nome na cabeça, e me lembro de cada momento que estávamos juntos. Lembro-me de cada vez que nossos olhares se encontraram, do teu sorriso, das tuas piadas bestas mas que me fazem rir como idiota.

achou que não conseguiria pensar em outra coisa?

Quando palavras já não são o bastante pra me expressar só as músicas me entendem. E quando as músicas de amor começam a fazer sentido, daí você entende que está tudo perdido.

e fim.

sábado, 13 de outubro de 2012

Nostalgia

Gosto de lembrar daquela época. Época em que era feliz. Não pensava em problemas. Não tinha tantas preocupações. Mal eu poderia imaginar o quão complicado ficaria.

Se eu pudesse, talvez voltaria no tempo só pra reviver algumas ocasiões. Nada mudaria nelas, mas vivê-las de novo seria... Inexplicável. Veria-as com os olhos de hoje, diferentes.

Momentos passam rápido demais, só ficamos com a reverberação do que passou.

O     agora     já     era.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Depois do Começo

Amanheceu o dia
Saiu na contramão
Caiu desajeitado no chão
Já que a visão turva confundia

Chegando a noite
Rasgando com a mão
O bilhete acabou no fogão
Coisa essa que não se admite

Pereceu nas palavras
Acabou com meu coração
E em deplorável condição
Fecharam-se as aspas

"E depois do começo o que vier vai começar a ser o fim"

E hoje não escrevo mais com rima
Não penso na terminação dos versos
Pouco me interessam as métricas
E de figuras de linguagem
Minha vida já está cheia

domingo, 7 de outubro de 2012

Vê-z

(Vitor. Porque vai ser sempre complicado.)

Sobe a montanha.
Mas não suba sozinho. Companhias sempre ajudam a passar o tempo.
Olhe para trás. Memórias fazem quem somos. Mas não se apegue.
Siga em frente.

Existem parte mais inclinadas, mais difíceis de se escalar.
Mas faz parte do desafio.
Faz parte da subida.

Descanse quando necessário.
Por que o que seriam os sons sem as pausas?

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Vivemos um eterno desafio
Viver é um desafio
O maior desafio

Mas como se vence
Cabe a cada um de nós decidir

Ninguém disse que precisa ser sozinho
Na verdade
É mais aconselhável que não seja

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Mãe é bicho complicado
Protege a cria até dizer chega
Com unhas e dentes
Mata quem entrar no caminho

Não se dá conta do quão protetora é
E não nos damos conta
Até que vivemos a mesma coisa
Até que temos nossa própria cria

Alguns saberão o que é isso
Já eu, não

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

E ponto.

  • O pior não é não te ter

  •                            mas sim não sentir tua falta.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Se Sem Fantasia

Chame aquele menino vadio
Aquele fraco
Aquele tolo
Aquele todo meu

Aquele que envolvi nos cabelos
Que perdeu-se em meus braços

E da noite pro dia
Não cresceu
Mas se foi
Se esvaiu pelas ruas

Muitas chuvas apanhou
E muitas noites varou

Aquele que veio pra não morrer
Tantas marcas ganhou

Mas enfim chegou
E de carinhos meus
Ganhou sua recompensa

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Questão de Instante

Música clássica ao fundo

E o mundo
Se acaba na minha frente

Tudo se despedaça
Vai pro espaço

A morte comoveu o país
Deixou todo mundo abismado

"Não esperava isso dele"
Mas todo mundo tem seu ponto final

E agora contam por aí
Como foi que vivi
Tudo o que fiz
E mais um pouco
Pois quem conta um conto
Sempre aumenta um ponto

E no meu caso
Virou até reticências...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Allegro ma non troppo

Eu Eu ando Eu ando desistindo Eu ando desistindo de você Ando desistindo de te ter Desistindo de dizer o que está entalado em minha garganta O que meus olhos gritam quando te encaro Mas você não vê Ninguém vê Mas está lá Nitidamente escondido por trás do meu sorriso de quando te vejo E principalmente quando sei que está olhando pra mim Está lá Basta parar e olhar Fica estampado no meu rosto Que fica corado Que fica mudado Quando você está por perto Mas aí você vira as costas e vai embora E tudo fica complicado E eu não tinha falado E você não tinha se explicado E ficou tudo pela metade E me dá vontade de desistir Desistir de tentar Desistir de falar Desistir de explicar Deixar pela metade e ver no que vai dar Antes fosse tão fácil simplesmente decidir e deixar estar Mas o que é a vida se não complicar? Mas tem horas que acho que não sei... É melhor assim Ninguém se incomoda desse jeito Deixe eu com minhas amarguras e fechaduras Com minha cerâmica quebrada e meu vidro rachado Com a tela rasgada e o cigarro inacabado Com tudo pela metade

domingo, 9 de setembro de 2012

Porquem Ontem Já Chorou

(Para meu irmão Lucca e meu primo Hugo, e seus insaciáveis vícios de Segunda Guerra Mundial.)

E parado deitado, suando frio e debaixo de chuva, eu penso em casa. Penso em estar de volta nos braços de minha mãe e ouvi-la dizer que está tudo bem, que está na hora de deitar, já é tarde. Sinto falta de casa, da rotina de acordar toda manhã para estudar, assistir a aulas e discutir com os professores.

A vida é um conto. Uma história que se repete. Fatos que acontecem. Momentos que, ora se vive e ora se passa. Momentos.
E o tempo, que passa por nós despercebido, é o mais cruel de todos.

Eu e meus colegas, todos morrendo de medo, não sabendo o que nos espera do outro lado. Todos ali por uma causa, é o que nos faz continuar. Obrigados a estar aqui procuramos olhar o lado bom, e pensar no que nos espera se voltarmos.

Respiro fundo e mal me movo. Olho pela mira e o acho. Respiro fundo. Mão no gatilho. Tiro. E ele cai.

Fico imaginando como a família dele vai ficar quando receber uma bandeira e uma carta, dizendo que seu filho/marido/pai havia sido morto, que lutou bravamente por seu país, mas acabou morrendo por conta de um pobre coitado do outro lado que só quer voltar pra casa, assim como ele queria.

Não se pode ter perdão, não se pode pensar no que acontece depois que se mata alguém. Se pensar muito, ganha o mesmo destino.

Em tempo de guerra, é cada um com seu time. Sem hesitação ou segundas chances.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Realidade Profunda

Lá no fundo
No fundo do poço
No poço
Água

Pinga
Cai a gota
Enche o balde
Transborda

Oceano, mar ou rio
Um no outro
E o outro no um

Imensidão
Que toma a forma de qualquer coisa

Afoga-se nas profundezas

sábado, 1 de setembro de 2012

Sem Gênero

Uma cena, uma imagem, uma memória de você. De nós.
Uma gota de chuva cai e estraga a pintura, molha a foto, borra o que aconteceu.
Pra quê mudar o passado?
Foi bom do jeito que aconteceu e foi ruim do jeito que tinha que ser.
Mas já passou.

Sigo em frente, de coração partido mas com muita poesia guardada no bolso.
Aproveitando o beijo de partida e o abraço de quem chegou.
Porque ontem já chorei.
Não que uma coisa anule a outra.
Mas não me enrola que tá na minha hora.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Cada um Com Seu Romance

Não tem problema nenhum querer seu romance, querer as flores, os beijos, os abraços, as risadas, os momentos. Não há nada de errado em procurar alguém. E o mais engraçado é que quando buscamos uma pessoa somos egoístas. Procuramos nos outros o que gostamos, o que nos agrada, o que nos satisfaz. Mas não há nada de errado nisso. É só... engraçado. Um tanto quanto peculiar, não?!

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Chuva

O mundo entrou pela cabeça
Transbordou pelos olhos
E saiu pelo nariz

Penetrou na pele
Entupindo os poros
Infectando o corpo

Chegou sem pedir licença
Tomou conta sem se desculpar
Foi embora sem perdoar

E chove.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Narração

Eu posso contar essa história pra quem eu quiser.
Posso contá-la várias vezes.
Ela nunca vai perder seu peso.
Sua importância.
Sua relevância em minha vida.
Eu vivo com isso.
Faz parte de mim.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Dedicado à Mim

Podia estar chovendo agora. Eu amo chuva. Eu iria sentar lá fora e pensar.
Pensar na chuva.
Pensar em você.
Pensar na vida e no que poderia ser.
Eu iria sentar e pensar.
Você nem iria se importar, não iria ligar ou me responder. Ia ficar na tua e eu na minha.
Na chuva.
Os pingos caindo em minha face e me molhando. Molhando minhas roupas e ensopando meus cabelos. Você na sua e eu na minha.
Você nem sequer perguntaria. Nem se daria ao trabalho de entender como estou. Acho que não faz diferença pra você. Não vou procurar entender o que se passa em sua cabeça, eu só queria entender porque. Mas você nem liga.
Você na sua e eu na minha.
E eu na minha.
Minha precisão.
Minha atenção.
Minha convicção.
Minha solidão.
E eu choro.
Mas não choro por você.
Você não é tão bom assim, não vale as minhas lágrimas.
Eu choro por mim.
Não interessa porque, só por mim.
Porque eu sim, mereço minhas lágrimas.

Parece tortura, mas eu continuo olhando. Acho que é pra cair a ficha ou pra eu aceitar mesmo. Não sei bem. Mas eu continuo olhando.

E daí vem o frio. E o frio me gela. Por completa. E eu nem ligo. É só frio.
Eu não preciso sentir mais. Seja frio ou o que for.

Não sei se foi sempre assim, mas acho que sempre que eu chorei não foi por ninguém
que não eu.
Agora sim eu percebo, eu chorava por mim.
Eu choro por mim.
Por mim.
Eu.
E mais ninguém.

Não é a Mesma Coisa

(Dedicado ao Paulo.)

É tão fácil estar apaixonado
Só que não
Dizer "eu te amo"
Só que não
Estar lá, se importar, viver junto
Só que não


É tão fácil 
quando alguém compartilha desse sentimento com você
Porque sentir sozinho
não é a mesma coisa

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Cidade de Concreto

Concreto espalhado pelo chão. Chão coberto de cinza. Cinza das paredes. Paredes que me sufocam. Sufocam até a morte. Morte que não me deixa viver.
Viver.

E nessa vida que eu vou levando, essa vida mais ou menos...
Essa cidade que não tem pena. Essa cidade que não perdoa.
E nessa cidade vou vivendo.

A cor vem da diversidade. Da cultura.
Que pinta o chão e alegra o coração.
Que nos salva da mesmisse.

E mesmo com o concreto cobrindo a imensidão,
esse céu não existe em nenhum outro lugar.

domingo, 12 de agosto de 2012

Na Atual Conjuntura [3]

[Décimo]

Faz anos que estão juntos.
Mas só isso, só juntos.

[Décimo Primeiro]

- Você quer casar comigo?
Pausa.

sábado, 11 de agosto de 2012

Estático

O foco foca a foca
O fato cata o gato
A faca corta a horta
A hora passa e vai embora

E eu fico aqui.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Aconteceu

Se matou.
Se matou e ninguém viu.
Se matou e ninguém percebeu.
Se matou.
Se morreu.
Se viveu?
Não sei.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Palpitação

Porque nada mais me resta agora...
Só minhas palavras.
Só dizer.
Só falar.
Só ser e estar.
Amor?
Não.
Amor já não me pertence mais.
Não cabe,
e nunca coube,
a mim escolher quem amar.
Se eu pudesse controlá-lo
não seria espontâneo
ou verdadeiro.
É bom porque nos pega de surpresa
e quando nos damos conta
já estamos encabulados,
o coração já parou de bater a muito tempo.
Já parou e voltou.
E você nem percebeu.
E passou o momento.
E acabou o dia.
E eu já fui embora.
E você?...
nem percebeu.

domingo, 5 de agosto de 2012

Cólera - Parte IV ou A Mulher de Vermelho

Logo que cheguei na estação de trem vi um homem. O homem lia um livro, mas assim que passei ele parou. Parou e começou a me observar. Me olhava com olhar admirado, atônito, como se nunca tivesse visto uma mulher na vida. Queria saber o que se passava em sua cabeça naquele momento, mal sabia eu que iria descobrir.
Ele me olhava deslumbrado. Que olhar apaixonante...

Estava me sentindo meio mal. Algo que comi? Nem tomei café direito... Deve ser o bebê. 3 meses ainda, nem dá pra ver a barriga.
Minha primeira consulta médica. Espero que esteja tudo bem. Apesar de tudo, ainda era meu filho ou filha. Apesar de tudo...

Queria esquecer daquela noite. Por que as coisas não poderiam ter corrido como normalmente? Por que eu tinha que virar na esquina errada?...

Nove da noite, quando saio do trabalho. Tudo escuro. Sempre volto para casa a pé. Mas dessa vez fiz uma curva errada. Estava distraída pensando na minha promoção. E foi a curva que definiu minha vida. Quando percebi ele olhava pra mim e eu sabia que não teria volta. Ainda assim tentei correr. Inútil.
Cheguei em casa toda suja, tremendo e com a roupa meio rasgada. Tem certas horas que é bom morar sozinha, essa não era uma delas. Tudo o que eu queria era um colo pra deitar e poder chorar. Chorei sozinha. No banho, na cama, na manhã seguinte até o trabalho. Fizeram perguntas, mas eu não sou uma pessoa muito aberta, depois de um tempo me deixaram em paz quando não as respondi.

Chegando ao médico eu lhe expliquei a situação. Fiz os exames mas teria de voltar outro dia para buscá-los. Será que veria o homem da estação novamente?

Eu voltei ao médico. Meses se passaram e eu não vi mais o homem da estação. Até que numa de minhas últimas consultas, já com 8 meses e uma grande barriga, eu o vi novamente na estação.

Da mesma maneira como da primeira vez. Ele lendo um romance e eu de vestido vermelho. Exceto que tudo havia mudado. Eu estava prestes a ter um bebê e ele... bom, logo chegou uma mulher e o beijou nos lábios. Dizia ele que a estava esperando por algum tempo já. Dizia ela que se atrasou se arrumando. Eles iam se casar. Estavam indo para o cartório. Ele nem sequer me viu...

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Na Atual Conjuntura [2]

[Quinto]

No começo é tudo lindo. Amores e amassos por aí. Mas aí vem as desavenças. Os desentendimentos.

- Você nem fala mais direito comigo.
Se você soubesse o por que...

[Sexto]

- Sabe uma coisa que eu não te digo há muito tempo?
- O quê?
- Eu te amo.

[Sétimo]

A gente briga e briga. Discute. Discorda.
Mas a gente se ama. Mais que tudo.
Amor de verdade.

[Oitavo]

- Como assim? Como você se atreve a falar assim comigo?
- Você é que não devia usar esse tom comigo!
- Que absurdo!
- Cala a boca!
- AAAAAHHHH!!!!

[Nono]

- Sexo depois de briga é o melhor.
- Nem me fale...

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Gerúndio

Andando
perdido por aí
Pensando
em te encontrar
Falando
para o vento
Vivendo
com um pé após o outro
Sorrindo
pra quem passa na rua
Amando
sozinho
Morrendo
comigo mesmo

E sendo, assim vou ficar

terça-feira, 31 de julho de 2012

Peça

Palmas. Cortina. Mais um fim de espetáculo.

É só ver seu rosto, lembrar, uma carta, ou foto que seja. E o meu coração já bate tão fortemente que eu tenho até medo de ele parar... do nada.

Eu amo meu trabalho. Nada como subir num palco ou ficar em frente a uma câmera e poder esquecer tudo o que se passa em minha vida e poder ser alguém completamente diferente.

Pára e repara o que aconteceu. Cura as feridas e remenda os rasgos.


Com a minha amada profissão sou capaz de experimentar todas as outras. Vivo e sinto cada uma delas.

Mas agora vem e me diz que vai ficar tudo bem, que você vai estar do meu lado.


E vamos de novo. Mais uma noite. Mais um espetáculo.

Sou eu e você. Só eu e você.

Abrem-se as cortinas.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Só uma Coisa

Será que é por todos os foras que já dei,

                                                     que eu não dou uma dentro?

domingo, 29 de julho de 2012

Passagem

Porque quando uma porta se fecha, ela só se fecha.
E continua fechada.

E se outra há de se abrir, será na hora certa.
No momento necessário.


É só uma questão de tempo.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Cego de Tanto Ver

{Primeiramente}
E aí você se abre, você se deixa importar, se deixa sentir, se entrega esperando alguma coisa... Alguma coisa que seja legal, interessante. Espera alguma coisa em troca.

E nada.

...

E acaba aí.

Porque quando um não quer, dois não brigam.

{Dúvida cruel}
Por quê?...

Só, por quê?

{Desabafo}
Depois você me pergunta porque eu não gosto de ninguém, porque eu não estou com ninguém e o que eu te respondo é simplesmente:
Porque apesar de toda a sensação boa, dói. Demais. Não vale a pena. Nunca dá certo. É melhor eu simplesmente ficar na minha. Porque se eu não me abro, eu não sofro. Não dói. Pelo menos não por causa disso...
Eu cansei de só sentir dor.

{Doce ilusão}
Eu só quero que esse dia acabe. Quero ver o sol nascer de novo e poder pensar, pelo menos por um segundo, que nada aconteceu.

terça-feira, 24 de julho de 2012

E se

Amar
Sentir
Gemer
Sofrer
Dizer
   [o que se sente
   [o que se sabe
Tocar
   [aquela canção
Morrer
   [sozinho

E se tudo se acabasse?
E se tudo virasse pó?
E se tudo não passasse de ilusão?
E se fosse só um sonho?
E se...?

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Na Atual Conjuntura [1]

[Primeiro]

Sempre te olho de longe.
Sem poder te tocar.
Você lá e eu cá.
Próximos mas
ao mesmo tempo
com um infinito nos separando.
Você cá e eu lá.

[Segundo]

Um de frente pro outro.
- Então... é que... ah, é só falar, você consegue!
- O quê?
Beijo.

[Terceiro]

Estar no mesmo ambiente que você, na mesma sala, no mesmo lugar. Que tortura não poder te tocar, não poder te abraçar, não poder te beijar.

[Quarto]

Roupas no chão. Cama. Corpos se tocando. Nossa primeira vez.

domingo, 15 de julho de 2012

(v)Ida

Definir, sentir, viver, amar, sorrir, chorar, coração quebrado.
É a melhor sensação que há.

Com medo de poder morrer a cada esquina, não saber se viverá o próximo segundo, decidimos aproveitar ao máximo. Carpe diem.

Mas cuidado, nem sempre viver cada momento significa fazer coisas estúpidas só pelo prazer de fazê-las, ou porque se pode fazê-las.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Reminiscência

Cicatriz me lembra o que já passou. Tudo o que eu já vivi e o que eu deixei de viver. Me lembram momentos, ocasiões, instantes. Eu gosto das minhas cicatrizes. Por mais que tenham doído na época, hoje me lembram de um tempo bom, um tempo em que eu era feliz, alegre e saltitante. Um tempo, também, de sofrimento. Mas não como hoje... Hoje eu sofro por tudo aquilo que não me deixou viver, tudo aquilo que eu deixei de fazer.

Não passam de memórias.
Memórias que agora decido deixar intactas.
Eu não preciso me lembrar disso.
Já passou, já se foi...
Hoje só me dói pensar em você.
Pensar
Você... se foi.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Água que Nos Vincula

Pela primeira vez na vida, estou sozinha mas não estou só. Estou feliz, desse jeito. Eu não preciso estar com alguém para estar feliz, não preciso me envolver com ninguém para ficar bem. E do jeito que as relações andam... é até melhor estar sozinho.


Como um rio, corre e corre
Como o mar, vai e vem


Depressão é a doença da modernidade. Uma pessoa tem um problema, alguma coisa: "não, ela está deprimida". Virou motivo e desculpa para tudo hoje em dia. É extremamente simples dizer que está deprimido. É claro que ocorrem sim casos de depressão, mas, no geral, é só uma desculpa esfarrapada pra dar nome aos problemas das pessoas.

Parece que tem horas que queremos estar mal, queremos nos sentir mal e queremos que tenham pena de nós e que venham nos perguntar o que há de errado. Temos um medo enorme da felicidade, de sermos alegres, de estarmos bem, de nos apaixonar, de ter alguém ao nosso lado.

O individualismo é mais fácil, mais confortável, mais seguro. Mas somos pessoas, e não vivemos sozinhos. Ninguém vive sozinho. Por mais que estejamos todos sozinhos, no fundo estamos todos juntos também. Por estarmos sozinhos acabamos estando todos juntos. Por mais que não pareça...

sábado, 23 de junho de 2012

Perfeita Mania Imperfeita

Eu ando não dormindo bem. Com sonhos turbulentos e cheios de você. Não consigo te tirar da cabeça. Mas meu vício agora é outro. Como eu odeio o cheiro de cigarro. Mas em você, esse cheiro é o melhor possível. Já faz parte de você, te complementa, te impregnou e me impregnou também. Agora, tudo o que eu penso é no teu cheiro. Em você, com seu cheiro. Não me interessa o que você faz da vida. Se é rico, pobre ou maltrapilho. É desse seu jeito que eu gosto. É desse seu jeito que eu fiquei dependente. Perfeito com todas as suas imperfeições.

domingo, 17 de junho de 2012

Faísca


sábado, 16 de junho de 2012

(des)Aniversário

(Dedicado à Bernadete, em seu aniversário.)

Que lindo! Todo mundo arrumado, tanta comida, que dia feliz. Eu só queria que passasse. Essa fome eterna. Esse frio sem fim. Abraços e comprimentos. Tanta gente reunida para um data especial. Tapas e berros. Minha pele não aguenta mais, toda roxa, toda marcada. Bolo. Velas. Chão. Vazio. Adoro comemorar meu aniversário! E hoje ainda era meu aniversário...

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Sem Título

Deixei de lado o amor
                 pra poder te procurar
Deixei de lado o meu temor
                 pra poder te agradar
Pois nada é melhor do que quando você sorri pra mim
                 quando nossos olhos se encontram
e nenhuma dor me dói tanto quanto não te ver

terça-feira, 12 de junho de 2012

Permutação

data a ata no ato da rota
dota o oto na ata da roda
dado o ato na hora de agora
dada a ata no lugar de ir embora

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Confidencial

Não, eu não sei explicar como é ou porque é assim. Só é, aceite. Não me venha com perguntas estúpidas esperando que eu as responda com cortesia, você não merece. Quem disse que me importo? Isso é imaginação da sua cabeça, na verdade, eu não me importo. Com ninguém. Porque eu sei que provavelmente vou me decepcionar se eu o fizer, então a única pessoa que é realmente importante pra mim sou eu mesma. No fim do dia, quem sempre vai estar ao meu lado, quem eu sempre posso contar é apenas comigo mesma. E só. Triste não?! Pensar que no fundo as pessoas são assim. Pois é...

Pensei.

domingo, 3 de junho de 2012

Deixa pra lá...

                                      alto,




sonhando

                                                                                 me esqueci de c
                                                                                                            a
                                                                                                            i
                                                                                                            r.



                                                                                                                                   ... eu nem ligo.

domingo, 27 de maio de 2012

Dois amores e 2 porres

É como tentar abraçar o mundo com as pernas, querer carregá-lo nas costas.
Eu caio, caio e caio.
Não consigo.

Colocamos muitas expectativas nas pessoas. Esperamos muito delas. Mas, no fim, elas apenas nos decepcionam. A gente ainda espera que, naquele último momento, ele vai ligar, ela vai responder, alguém vai se arrepender e você vai conseguir perdoar. Esperamos que alguém ainda se importe. É aí que nos enganamos. Muitas vezes, no final das contas, não conseguimos nada disso. E na maioria delas também sabíamos que não iríamos conseguir, mas ainda assim esperávamos que sim. Só para nos desapontarmos de novo, de novo e de novo.

A vida é feita de escolhas.
Você pode escolher não se decepcionar de novo.
Mas será que você consegue?

No último segundo, ainda temos esperança que estejamos errados.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Padrão Individual

É mais fácil, simplesmente, não se importar.
Estar sozinho, mas não necessariamente solitário.
Você se acostuma.
Vira rotina.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Mas a Vida Não Espera por Ninguém

Eu só quero parar.

Tantas perguntas a serem respondidas
Tantas escolhas a serem feitas

Eu só quero parar!

Eu não sei responder às perguntas
Eu não sei o que escolher

Eu só quero parar...

sábado, 5 de maio de 2012

Pink is like red but not quite

Só quero te ter por perto e pronto.
Sentir teu cheiro pela manhã.
Acariciar seus cabelos bagunçados pela noite.
Te abraçar durante a manhã gélida.
Enxugar tuas lágrimas quando chorar.
Segurar sua mão.

Só isso e ponto.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Cólera - Parte III ou Carta

Te contar isso é um tanto quanto difícil, te escrever assim... Sinto tanto a sua falta. Mas, como tudo na vida, tive que seguir em frente. As primeiras semanas foram as mais difíceis. Você estava o tempo todo na minha mente, nos meus sonhos, na minha cabeça. O tempo passou e você foi virando uma memória. Umas das melhores que já tive, mas só isso. Eu não podia deixar de viver por causa de você. Não seria certo. 
Eis que um dia vagando pelas ruas a encontro. Àquela mulher da estação de tantos anos antes. Àquela que te contara que me contagiava e a deixava com um pouco de ciúmes. A do vestido vermelho, do rosto delicado e pálido, da pele branca e macia. Que, por um segundo, me fez esquecer de tudo ao meu redor e naquele momento éramos só eu e ela olhando um profundamente nos olhos do outro. 
Ela estava muito bela, nem parecia que os anos a haviam atingido. Estava com uma criança. Uma linda menina que vestia um vestido florido. Lembrava muito a mãe. Que me atraía o olhar como ninguém. Nossos olhares se cruzaram e eu percebi que ela também havia me reconhecido. A menina percebeu também e perguntou à mãe algo e não sei o que ela respondeu. Fomos nos aproximando até podermos nos ver com os mínimos detalhes. Primeiramente não falamos nada e a criança estava inquieta. Só nos encaramos por vários minutos, meio que sorrindo meio que não sabendo como conversar. Afinal, nunca tínhamos nos falado, apenas nos visto uma vez numa estação de trem. E essa história você já sabe bem, quantas vezes  já não te contei... 
Dizem que é um casal se juntar que os problemas começam a aparecer. Fazia tanto tempo que a gente se viu e, ainda, não nos conhecíamos! A gente brigava, brigava e brigava. Mas, no fim do dia, nos amávamos tanto que as brigas não importavam. Éramos feitos um para o outro. E mesmo ela tendo uma filha, a criança nunca teve um pai, eu me tornei o dela. Nos dávamos muito bem, fomos crescendo aos pouco um no outro até nos tornarmos amigos. 
Sempre admirei a nossa honestidade um com o outro. Você sempre esteve do meu lado quando precisei, e eu do seu. Somos companheiros. E mais do que isso, amantes. E por esse motivo te conto isso tudo. Pois você ainda é importante e especial para mim, sempre foi e sempre será parte da minha vida. Por mais que tenha reencontrado a mulher de vermelho da estação de trem, você ainda tem um lugar reservado no meu peito que ninguém, por mais amado por mim seja, jamais preencherá. 
Com amor,
Sempre seu.


Naquele lugar cinza e sombrio, te encontro. Não exatamente você, mas o que resta de ti. Essa carta lhe pertence. Mesmo que não possa lê-la. Por isso deixo-a em seu frio e duro túmulo.

E uma lágrima ainda escorre dos meus olhos por você.

domingo, 29 de abril de 2012

Sinceramente, eu.

Virei e saí chorando.
Se eu olhasse para trás, eu só iria parar.
Parar e te assistir partir.
Iria te assistir me deixar.
Eu sentaria no chão e pensaria que era tudo uma mentira, imaginação da minha cabeça.
"Isso não pode estar acontecendo. Não assim, não desse jeito... não agora."
Tudo o que eu queria era poder voltar no tempo e não ter que te dizer aquilo, mas sim te dar uma abraço e dizer que estaria do seu lado para o que desse e viesse.
Dizer o quanto precisava de ti ao meu lado.
Dizer que estou mal, que preciso de ajuda, que preciso de alguém que escute os meus problemas.
E desejar que esse alguém seja você.

Mas já que isso tudo já passou e não tenho como voltar atrás, o que te peço agora é desculpas.
"Me desculpe. De todo o meu coração."
Pode ser até meio egoísta da minha parte te pedir isso. Te dizer que preciso de você ao meu lado e que, querendo ou não, você me faz bem.

É só perder alguma coisa que percebemos o quão importante ela nos era.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Faço Nosso o Meu Segredo Mais Sincero

É para você, leitor, que escrevo. Para te contar sobre minhas aventuras, meus sonhos, minhas imaginações e, principalmente, meus amores.

Mas sssh... é segredo!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Salvação da Pátria

Dor aguda no peito
Que me persegue de jeito
Me larga só, desolada
Como uma menina abandonada

Na esperança de o tempo passar
E essa ferida parar de doer
Me distraia, você, para eu poder me curar
Deixar tudo isso de lado e parar de sofrer

Eu só quero olhar no seus olhos e saber que vai tudo ficar bem
Esquecer meus problemas e minhas agonias
A única coisa que quero é poder te ter por perto

terça-feira, 24 de abril de 2012

Ode ao Ódio

Eu ando cercada de pessoas, de gente, mas nunca me senti tão sozinha. A única pessoa que eu posso contar, que sempre estará comigo, sou eu mesma.
Até parece que você entende. Você diz isso da boca pra fora. Só eu entendo o que, no fundo, acontece comigo. Então não me venha com esse papo de que sabe como é, que entende o que estou passando. Não é bem assim...
Eu estou crescendo mas não faço ideia de quem vou ser. Ou ainda, sequer, de quem sou. Então quem é você pra vir palpitar na minha vida?

"Não me dê conselhos. Sei errar sozinho."

sábado, 21 de abril de 2012

Ironia

Você é a memória mais intacta que tenho na mente, pois mal me lembro de você. Mal me lembro de lembrar de você. Te deixo guardado lá no fundo, intocável, perfeito.

Irônico, não?

Velha Roupa Colorida

Você é o meu sonho de toda noite. Você vem e me invade sem nem pedir licença, e eu já estou pensando em você. Já estou sonhando contigo. Você me acompanha pelos campos floridos e pinta meus horizontes como ninguém. Venha colorir a minha vida. Torná-la alegre e cheia de emoções. Eu só te quero por perto. Não precisa ser o tempo todo, não agora. Vamos em doses homeopáticas pra gente não ficar muito viciado em si mesmo. Ou, pelo menos, eu em você. Não sei se liga pra mim, nem sei se se importa. Eu posso ser só mais uma passando no corredor. Mas quando os nossos olhos se encontram, mesmo que de longe, uma sensação avassaladora me preenche. Me falta ar, o coração dispara e pára ao mesmo tempo e, se eu tivesse um espelho, aposto que veria o quão vermelho fica meu rosto. Não de vergonha, ou mesmo timidez. Mas é que sua presença me faz ganhar uma cor que eu não tinha antes, me faz corar. Pra eu deixar de ser monocromática, pra eu deixar de ser em tons de cinza. Você é o meu artista, que com sua paleta repleta de cores sai por aí me pintando e pintando meu mundo. Digamos que, de certa forma, tenha me tornado dependente disso, de você. Eu esqueci de perguntar se poderia pedir de volta, ou fazer uma troca, uma vez que deixei minha alma por lá. Pelo visto parece que não. Meu vício, minha droga, agora, é você.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Juízo Tingido

Te ver assim, sempre.                                 Te procurar em cada canto da multidão.
Mesmo que não seja todo dia.                  Buscar teu olhar sempre que te vejo.
Quando dá.
Me faz bem.                                                    Me faz bem.
                                                                           Eu te quero bem.

                              Só de te ver, eu já ganho o dia.
                              Aquele que estava chato e sem graça,
                              se torna outro. Se torna ouro.
                              Ganha outra cara.

                                                                                            Eu que estava no meu mundo monocromático,
                                                                                             ganho um novo cheio de cores.
                                                                                             O céu que estava cinza, pálido,
                                                                                             se torna azul só na ideia de te ver.

A alma já está vendida. Sem devoluções.

domingo, 15 de abril de 2012

Máscaras

É muito fácil aparentar-se bem. Sorrir e gargalhar de algumas piadas, dizer que está tudo bem e ficar alegre com o dia que começa. Mas é aí que se enganam. Fazer todo esse teatro dói mais que muita facada. Porque, na verdade, não está tudo bem, as risadas são falsas e o dia sempre começa uma merda. Eu só queria, por um momento, esquecer. Esquecer dos sentimentos, das pessoas e começar tudo de novo. Por que as pessoas são assim? Pessoas... como as odeio de vez em quando. Como. Às vezes eu me canso. Me canso de tudo e de todos. Só quero ficar sozinha. E se eu sumisse? Será que faria falta? Será que alguém iria se importar? Eu sou só mais uma. Logo me esquecem. Tão rápido quanto um piscar de olhos. Quando se percebe, já se foi. Mas não. Não posso simplesmente virar as costas para tudo e todos. Eu tenho que estar bem. Eu preciso fingir.

Preciso dessa máscara.
Como qualquer um precisa, e a tem.

Qual é a sua alternativa?

- O que foi? O que aconteceu?

 - Eu só queria que... sei lá.
 - É como se... não sei.
 - Meio que... deixa.
 - É que... ah, esquece.
 - Nada não.
 - Foi o seguinte... [inserir história]

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Porvir

Acho que espero o futuro.
Acho que espero o.                                                        Espero o que
Acho que espero.                                                    não sei
Acho que.                                                                                   se
Acho...

                                                                                       Eu espero alguma coisa acontecer.
                                                                                       Eu espero alguma coisa.
                        ou                                                          Eu espero alguma.
              quando                                                           Eu espero.
                    vai acontecer                                           Eu.
                                                                                       E...

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Imperfeição

Um traço que saiu errado

                                                                                                          Uma nota desafinada

                 Uma roupa descosturada


                                                                             Um vidro q
                                                                                                     u
                                                                                               e
                                                                                                         b
                                                                                                     r
                                                                                                            a
                                                                                                                          do



Uma torneira v
                             a
                         z
                            a                               Uma folha rasgada
                                n
                          d
                                 o

                                                                                                                                     tada
                                                                                                  Uma árvore cor


Um ovo ra
                  chado

                                        Um copo vazio


                                                                                                                                    Um cigarro inacabado

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Cólera - Parte II ou Intermezzo

O relógio parecia ter parado no tempo. No momento em que te vi, foi como se anjos cantassem e você emanava luz. Foi tudo tão perfeito que poderia ter acabado ali. Eu poderia ficar o dia inteiro olhando pra você e você pra mim. Mas o relógio não para, ele não espera por ninguém. E você passou e nossos olhos já não se encontravam mais. Entrei no trem. Escolhi meu futuro. Chegou a hora. Minha entrevista correu bem. Dali a uns dias receberia a ligação que me daria o emprego desejado. Mas era você que não me saía da cabeça. Eu só conseguia pensar em você e toda a sua perfeição preenchendo a plataforma de trem naquela manhã chuvosa e fria. Seu cheiro, sua pele, seu vestido, seu rosto. Eu lembrava de todos os detalhes.

Sempre que andava nas ruas procurava seu rosto. Toda vez que alguém de vermelho passava do meu lado eu logo pensava que era você. Mas nunca mais te vi. Passaram-se alguns meses e eu achei outra mulher. Não igualmente bonita, ninguém se comparava a você. Mas ela era simpática, amorosa, cheirosa e nos dávamos muito bem. Éramos muito amigos e fazíamos tudo juntos.

Fiquei bastante tempo no tal emprego, até que minha mulher ficou doente e eu decidi largá-lo para ficar com ela. Ela estava com tuberculose. Nada poderia ser feito, ela só iria parar de sofrer quando morresse. E isso me matava por dentro, fazia eu me sentir um nada. Pensar que sua dor acabaria quando a minha estivesse em seu auge. Eu a amava demais. Passara minha vida toda com ela. E agora, simplesmente assim, não a teria mais.

Ela se fora. Estou só. E agora?

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Eco

Carrego em mim marcas de dor
Quando me livrarei dessa dor?
Se é que chegarei a me livrar da dor...

A dor me corrói, me corrompe
A dor me contém, me controla
A dor me possui, me destrói

Mas no fundo, lá no finzinho
Ainda se tem amor

Amor que me preenche
Amor que me carrega

Por que o que é a vida se não amar?

terça-feira, 3 de abril de 2012

Íntima exposição popular

Me exponho aqui por completa
Para todos verem
Para quem quiser ver

Mostro minha carne
meu osso
minha essência

Poesia por excelência
Disponho a você

Venha ver
apreciar
criticar


Aberto ao público.

sábado, 31 de março de 2012

Período Composto por Subordinação

Foi tão bonito. Tão maravilhoso. Inspirador. Até compus algumas canções a seu respeito. Escrevia poesias maravilhosas e as lia para você.

Eu só quero saber uma coisa. Por quê?

A minha dependência de você, agora, é química.

Foi como uma droga que entrou no meu sistema. Mas de uma droga eu consigo me desintoxicar. Já de você, não. Eu já estou impregnado de você. Tomar banho, trocar de roupa e lavar as cobertas de nada adianta. Você tomou conta de tudo.

E agora me deixa assim, só. Me afogando em minhas mágoas, lembrando de momentos e melodias de você.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Fingido Rubro

A porcelana branca, toda suja de sangue.
A navalha, marcada de vermelho...


- Droga! Odeio me cortar quanto estou barbeando!

segunda-feira, 26 de março de 2012

Eletrocardiograma

      d                    s                                      m                  r                       d                 a
          e            n      a           m      v                e             o     a                     i             r
  ó                e             r      e             o     ê,         u      c             ç       o           s      a
s               p                                          c                                        ã                   p


                                d                     v                     e
                                     e                     e              l
                       ó                       e               r,     e
                    s                       t                                               pára.





        e                                         ,                        a                   p
      d                 r       e            ê      m               r     ç              s   a
             p        a          m       c           e           o         ã          i        r
  ó           e    s                    o               u       c             o      d            a
s                n                    v



                                                             e
                                                          d                           r,    e
                                                                     t              e            l
                                                  ó                   e       v                   e
                                              s                                                                   pára.


             


                                                                                             
só de pensar em você, meu coração dispara

                                                                   só de te ver, ele
                                                                                                          p
                                                                                                             á
                                                                                                                r
                                                                                                                   a.

terça-feira, 20 de março de 2012

Cólera - Parte I ou Início

6:30
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6:40

O tempo parecia não passar. Cada minuto era como um parto.

Eu estava esperando o trem. Esperava na plataforma sentado no meu canto lendo um romance. O trem passaria às 7h. Chegaria umas 8h30 e o meu compromisso era às 9h. Eu tinha tempo.
Estava fixado com os olhos no romance. Mas passou alguém. Alguém não, você. Você, amor. E minha atenção foi desviada. Meus olhos rapidamente foram a seu rosto, delicado e pálido. Seu cheiro... ah, seu cheiro. Era um cheiro adocicado e suave mas ao mesmo tempo impregnava meu nariz. Como o cheiro de uma rosa assim que desabrocha. Seu vestido, vermelho penetrante como a cor da rosa. Todos os olhos foram em sua direção. Sua pele branca e macia. Como queria tocá-la com a ponta dos meus dedos. Acariciá-la com minhas mãos. Beijá-la com meus lábios. Mas não posso. Não devo. Estou na plataforma. Estou na plataforma esperando o trem que me levará a meu futuro. O trem que mudará o curso de nossas vidas. O trem que me atormentará por toda minha vida. Impressionante como alguns instantes mudam tudo. Pensar nisso faz com que a raiva me consuma por inteiro.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Fuga Negligente

Vivemos pra esquecer
Assistimos filmes pra esquecer
Comemos pra esquecer
Fazemos amigos pra esquecer
Conversamos pra esquecer
Namoramos pra esquecer
Traímos pra esquecer
Amamos pra esquecer
Transamos pra esquecer
Acompanhamos séries pra esquecer
Lemos pra esquecer
Festejamos pra esquecer
E morremos pra esquecer

Morrer é a maior prova do que é esquecer
Morrer é a maior prova do que foi viver

terça-feira, 13 de março de 2012

Sinfonia de Guerra

Pensamos que temos problemas demais, mas olhando pela janela do carro, num poste, uma folha de papel com o rosto de uma menina que não devia ter mais de 23 anos. Em negrito, logo acima de sua foto, uma palavra, DESAPARECIDA.

A cada dia que passa ficamos mais velhos, com mais preocupações. A cada dia que passa, morremos um pouco, damos um passo em direção ao destino que a todos aguarda pacientemente. É inevitável, chega para todos, não importa o quanto tentamos fugir.

Mas não é só isso, é você. A cada dia que passa você me mata mais um pouco. Não posso seguir meus sonhos, fazer o que mais quero nessa vida. Tem que ser o que você quer, do seu jeito, na hora que te é propícia.

Eu só quero viver assim, sendo quem sou, fazendo o que amo e na hora que quero. Sem ser controlada por alguém, ou dando satisfação pra outros que não eu. Eu tenho minhas próprias prioridades, não venha me impor as suas.

Calma, só mais alguns meses...

quinta-feira, 8 de março de 2012

Desamor

Mas existem outras coisas. Existe realmente algo que valha a pena se importar. Não devemos ficar no pequeno, em nós mesmos. Sempre há algo maior. O próximo é quem dá sentido à nossa vida, assim como fazemos com cada um que conhecemos, cada pessoa com a qual cruzamos o caminho. Ainda tem gente que morre de sede, ainda tem gente que morre de fome, ainda tem gente que não sabe escrever. Enquanto outros, reclamam de não ter ganhado um carro quando fazem 18 anos ou não puderam ir a uma festa.

Ainda tem gente que morre de amor.

terça-feira, 6 de março de 2012

Diferença de Apego

Mas e aí?
E se eu me entregar, me permitir, me abrir completamente e você não me quiser?
E se você só me esnobar, me deixar de lado, me esquecer?
E se você só ficar aí e eu aqui?
E se só for isso?
Acaba assim.

segunda-feira, 5 de março de 2012

De Trás pra Frente e de Frente pra Trás

Estava rachado
Uma rachadura
que estragava sua estrutura
Tão branco e perfeito
Mas rachado
causando uma dor no peito
Era só o ovo
que partia no meio

quinta-feira, 1 de março de 2012

Pretexto de Causa

(Dedicado à Neri e seus "desculpas".)

"Desculpa"

Não venha me pedir desculpas depois do que está feito. Não adianta mais, suas desculpas não farão voltar o tempo e desfazer o acontecido. Já foi, já passou. Agora eu sou assim. Agora eu sou quebrada.

"Desculpa"

O que seria de nós se guardássemos todas as mágoas que já tivemos? Ficamos abastecendo nosso ódio pelos outros, pelas coisas, pelas situações, pela vida.

"Desculpa"

Precisamos extravasar essa raiva, nos livrar desse ódio e esvaziar a cabeça de rancor. Precisamos a aprender a perdoar. Os outros, sim. Mas principalmente nós mesmos.

"Eu... eu sinto muito"

Não podemos rebobinar a fita, reiniciar o jogo ou colocar na primeira cena de novo. A vida acontece e passa, sem pausa ou volta. Ela só segue. Segue e vai.

Acontece.