terça-feira, 30 de julho de 2013

Valsa nº 1

Eu só quero transcender tudo isso.

Eu sofro só. Em silêncio. Na minha. Quem sabe que eu estou sofrendo? Quem sabe se eu estou sofrendo? Quero sair dessa realidade, esquecer desse mundo. Porque quando te vejo, lembro que não quero partir, não quero ter que te deixar. Mas lembro que tenho. Não porque devo, mas porque é exigido. Cruel, não? Exigir de alguém que deixe quem não quer, exigir de alguém que faça o que não é desejado.

Ocorre.

O que foi que eu fiz? Por quê? A explicação, ninguém tem. Nem eu mesma. Ela deve existir, mas não é revelada. Não quero lembrar, mas infelizmente te ver me faz recordar. Aparentar-me bem. É o que devo fazer. É o que acabo fazendo. Fico quieta. Ninguém sabe.

Não sei se o que sinto é dor, não sei se é falta, não sei se é carência, não sei se é desespero.

Tanta gente em volta que não me importa, tanta gente que não sentirei falta. Mas e vocês? De vocês eu sentirei. Muita. De você, especialmente. Apesar de não parecer, apesar de eu não demonstrar. Eu, simplesmente sou assim, não sirvo pra pessoas. Não sinto que sirvo pra ninguém. Não sinto. Ou sinto. Muito. Sinto muito. Mas sinto só. Sinto muito, só.

Atordoada, desorientada.

Daí eu saio. Vou ali espairecer. Será que alguém percebe? Não falei com ninguém. Será que alguém dá falta? Parece que não. Me parece que muito não. Parece que nem ligam, parece que nem. Será que alguém repara? Tenho muito dessas coisas. Penso que sou só, e ninguém aparece. Não quero? Não sei. Às vezes sim, às vezes não.

Transtornada.

Acho que tenho medo de compromisso. Porque com ele parece que devo algo a alguém. Eu não sei lidar com isso. É muito difícil isso pra mim, o ato de estar com alguém. Nunca estive, não sei como agir. Sempre fui muito só, lidei com as coisas só. Nunca fui muito de compartilhar, avisar. E já me dei muito mal me importando com as pessoas erradas. Como saber quem são as certas?

Me fala algo daquele jeito, e vai embora. Como assim?

Parece que é de propósito, pra jogar na minha cara, pra esfregar na minha cara. Parece que é só pra me deixar assim. Só pra me provocar. Só porque sou só, só porque eu sou assim, não justifica. Não significa. E eu penso um monte de coisas. Penso, penso penso. Esse pensar demais me atrapalha muito. Acabo indo a lugares que não queria, pensando coisas que não devia.

Até aprece que não sabe pelo que estou passando.

Eu só queria parar por um momento. Uns instantes. Parar de pensar, parar e estar. Parar e ficar. Sem mais nem menos, sem você nem ninguém. Me olho no espelho e não sei quem vejo. Meu reflexo não aparece, não tenho. Quem é esse ser que me encara do outro lado?

Essa minha dor, quem cura é você. Ou não.

"E o desenlace desse impasse Deus conceda que termine em valsa"


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Cerrado em Si

concreto cinza pelo chão
cercado de verde e terra vermelha
blocos, setores
norte, sul
o grito mudo
de quem mora por aqui
todos escutam

nada acontecE

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Receita de Mim

Eu não pedi pra nascer.
Mas que motivo horrível para tentar justificar alguma coisa!
Eu não pedi pra nascer
Mas nem por isso preciso agir desta forma.

Por que eu sou assim?
Que pessoa horrível!
Machuco todos à minha volta por vontades pessoais
E o pior?
A consciência não pesa
Não como deveria
Mas reconheço meu erro
Reconheço minha monstruosidade
Reconheço a feiura de meus atos
E choro.
Choro pelos meus erros
Choro pelo que fiz
Mas
Acima de tudo
Choro pelo que sou
Choro pelo que me tornei
Eu sei que está errado
Que deveria avisar
Mas não o faço
Nem diria que é por pirraça
Nem sei dizer exatamente o porquê
Me acho madura
Crescida para certas coisas
Mas ainda sou criança em muitas outras
Muitas e muitas outras
E também não acho que sou tão madura quanto penso

Foi bom?
Foi.
Faria de novo?
Não daquela maneira. Nunca daquela maneira.

Queria que chovesse.
Que eu pudesse me deitar na chuva
E ali permanecer
O resto dos meus dias
Queria dormir
Até o mundo acabar

Digo que não preciso de ninguém
Mas, talvez,
Precise mais de pessoas do que qualquer outra
Precise de carinho e afeto
Que tive em escassez própria
Apesar de viver rodeada de uma família e amigos extremamente amorosos

Já me ferrei muito sentindo algo por outras pessoas
Já me ferrei muito me deixando abalar
Já me ferrei muito me deixando importar
Fica mais fácil
Simplesmente não.

Fria e calculista
Com uma colher de sopa de sarcasmo
Uma pitada de ódio
Um toque de chatice
E afeto a gosto
O problema é que
O gosto foi pouco.

Espero que dessa vez eu aprenda
Vou me tratar
Acho que nem me reconheço mais
Se me olhar no espelho
Não sei o que verei
Pois não sei o que me tornei

Ainda assim,
Gosta de mim?

sábado, 6 de julho de 2013

Inércia

(Bruna, esse é pra você. Porque as coisas vão acontecer sem que nós queiramos. É a vida, não adianta tentar parar ou evitar. Então aproveite, aprenda e viva. Depois você volta.)

O mundo anda tão parado.

E essa dor?
É muita dor pra pouca pessoa
preciso gritar
gritar minha dor em silêncio
Porque eu sinto
eu sinto tanto
que chega
sinto muito
Eu sinto
e luto
Eu estou de luto
de luto por mim
de luto pela minha vida

"A vida anda difícil né?"
"Não tá fácil pra ninguém."

E o mundo começa a girar novamente.

Porque momentos são só momentos
pessoas apenas pessoas
E as coisas passam
nunca voltam
mas acontecem diferente
do que esperávamos
do que imaginávamos
Aproveitar todos os acontecimentos é realmente viver
desfrutar de cada pedacinho
deliciar-se com cada detalhe
Se é bom, aproveitar
Se é ruim, aprender

Sofrimento?
Ilusão.