segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Miluna

(Esse é pra minha amiga amiga da lua. Ao fenômeno dessa noite, que além de encobrir coloriu a lua de vermelho. Isabella, vamos juntas dançar essa transformação?)

De amor dói o coração
e de novo toca nossa canção

Na noite
ela lá, fria
completa

Se perdendo aos poucos para a sombra
sendo engolida pela escuridão

Espetáculo

E da luz mais intensa
breu

Desse escuro mais denso
e espesso
sangue

De pouco em pouco
se esvai
e se transforma

Por amor faço um pedido
e por ele mesmo
peço compreensão

Energia que emana
na longa
consagração

Vem cá
dança comigo essa transformação

Vamos
ao som da emoção

E não importa a distração
meu olhar é seu
e com razão
afinal
são ciclos
que começam e se fecham

E agora quase lá
espero te ver completa
complexa
convexa
imensidão

Me conta mais uma vez
como fica esse coração
e me explica
se eu devo ou não

Com toda essa explosão
expansão
tem gente que perde o momento de contemplação
fica olhando pela contramão

E por fim
se esconde assim
sem mais nem menos

Vem me dizer
e conta como foi
o prazer de se esconder
por detrás
da imensidão

Lá está ela
vermelha pela janela
me encarando
de coração
e me olhando
por dentro da alma
sem dar explicação
sem me contar a intenção
ou a direção
que vai me arrastar
mas me deixo levar

Eu queria conversar
sozinha contigo
pedir abrigo
e solidão
buscar ao seu lado
a companhia
que me completa
o coração

E lá do fundo
com toda contemplação
toda disposição
e sinceridade
agradeço
e me despeço
buscando
então
renovação

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Outro dia eu estava sonhando acordada

Eu só quero te esquecer!
Você mexe comigo e eu não consigo fazer nada
Eu não te tiro da cabeça
Ou melhor, você não sai de lá
Parece provocação, parece que é de propósito
Parece que é só pra me tirar do sério
Só pra eu te desejar
Só pra você ter aquele gosto de saber que tem alguém pensando em você
Parece de propósito
Eu tenho essa ânsia e você me aparece no campo de visão
Você vem me perseguir sem nem saber que o faz
Talvez não seja algo romântico (eu bem acho que não é)
Mas é sim um desejo
Daqueles desejos carnais
Daqueles desejos de te possuir e de me deixar ser possuída
Aquele desejo de me deixar ser possuída pelo desejo
Ser possuída pela sensação
Possuída pelo toque
Os corpos nus se tocando
E a gente se pirando e se descobrindo e se reinventando
E se tendo naquela intimidade
Intimidade essa só nossa

É isso que não me sai da cabeça
E você está mais do que incluído nessa fantasia
Fantasia essa que só existe por sua causa

Então, a verdade é que eu não quero te esquecer
Não quero abandonar essa fantasia
Não quero abandonar o desejo
Quero apenas
Consuma-lo

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Aisthesis

A sensação
que vem e toca
Distorce
Amorfa
Emoção
Ilusão
Paixão
É compreensão
e ao mesmo tempo
percepção
É corpo,
movimento
e ação

Inconstante tempo
Penetrante
Que vibra
Pulsa
e deforma
Dilata
Adapta
Retorce
Encolhe e estica
e se multiplica
Se faz perdida
Invadida
e cai

domingo, 20 de setembro de 2015

Entre

(Inspirado e dedicado àquele grupo lindo, que sempre nos convida a adentrar seu apartamento. Obrigada Grupo Tripé por, mais uma vez, me deixar entrar no seu quarto.)

Vem cá
me conta uma coisa
me diz se é isso mesmo que você sente
ou se vamos ficar cada um na sua
sendo gente

Vem cá
e me fala no pé do ouvido
que me quer
de lado ou mesmo
mal passado

Vem cá
me dar um jeito
e contar pra mim direito
que não basta ser amigo
tem que dormir todo mundo junto
amontoado

Vem cá
me ameaça de paixão
e vê se não me enche
vira cada um pro seu lado
pra se enxergar se olhando de costas

Vem cá
mas vem mesmo
porque pra te amar
eu preciso te mostrar
já que não sei falar

Vem cá
entra junto
vem morar aqui
vem se perder um pouco
e desistir do mundo lá fora

Vem cá
pra gente se entrar
pra gente se encontrar
pra gente se largar
pra gente se contar
depois

domingo, 6 de setembro de 2015

Eu não faço questão ao mesmo tempo que faço e não.

Como explicar
ou ao menos
Como começar a perguntar
a entender
Como se dá o processo
ou mesmo
O inverso

a dualidade
Que se enxerga
na diferença
O sorriso
e a seriedade

Lá de longe
observo
Inquieto
disperso
Convexo

o pretexto
Era o mesmo
mas não se concretizava
No espaço
entre a gente
Penetrante
cortante
Afiado

mas afinado mesmo
Foi sua nota
tocada