domingo, 14 de junho de 2015

Nuvem

A sua maldade 
Me trás a saudade
Que eu nem me lembro 
Mas que me dói por dentro
O seu desejo 
Me trás o anseio
Que daqui pra frente 
Eu sigo contente
A sua saudade 
Me lembra a maldade
Que me faz sorrir por dentro 
E me esquecer ao relento 
O seu anseio 
Me trás o desejo 
Que hoje, contente 
Espero te ver de frente 
E mesmo que seja de repente 
Quero que saiba que quero 
Quero que saiba que lembro 
Quero que saiba que espero 
Quero que saiba que a sua maldade 
Sempre me deu saudade 
Daquele outro tempo 
Que veio antes 
da vida nos 
acontecer







sexta-feira, 12 de junho de 2015

Valentim

(Inspirado num lindo concerto de amor do Madrigal de Brasília.)

I.
Bomba pulsante
de calor incessante
sem descanso
passante
dispara

Músculo que contrai
sentimento que distrai
sem regra
intrínseco
vibrante


II.
A partir do momento que a espera é superada pelo desejo, que a vontade sobrepõe o medo e que se entende que não há outro jeito, a boca abre e a garganta dispara e canta e o que vem de dentro se sobressai.

O que dizer vai depender do prazer e do querer de se saber compreender o indizível incompreensível gesto manifesto do que é amar.

domingo, 7 de junho de 2015

Tudo Está à Venda

(Inspirado e dedicado à uma galera que me fez sair de mim e me fez sentir assim, pulsante. Obrigada Grupo Tripé pelo seu Novo Espetáculo.)

Uma inquietação que sobe por cima e desce escorrendo pelos dedos soltos. Pessoa solta. É tudo de verdade, mas se você acreditar pode virar representação, pode virar outra coisa, pode virar inquietação. Tudo de novo e voltamos ao começo e voltamos no desejo de dizer o que nos chama. O sangue pulsa nas veias e passeia pelo meu ser me tornando cada vez mais insaciável e tomado pelas palavras que não se calam e não me deixam dormir. Eu nem sei se quero mesmo dormir, não se quero me render à ilusão que é estar sujeito a ver o que minha mente planeja dentro de si. Mas as palavras me deixam cada vez mais sujeito. Eu só quero sair, só quero brincar, só quero tirar a roupa e dançar na chuva, quero pular corda e beijar um estranho. Me leva nessa viagem porque aqui eu não quero ficar. Não quero mais esse lugar quieto, dormente, sereno. Quero as noites frias e o descontentamento com o amanhecer. Eu quero que o dia dure uma semana e que essa semana seja o meu fim. Eu quero despertar. Quero seguir o pulso latente que me percorre por dentro e me tira da cama todas as manhãs que estou fadado a não reagir. Quero a brincadeira de me vestir diferente e reagir consciente ao poder que guardo aqui dentro. A gente sabe que o possui. Mas a gente não usa, a gente se acostuma e não revida quando leva porrada na cara. A gente vira as costas. Tá na hora de dar o murro. É nossa rodada no jogo. Nosso desejo. O povo. Outro dia eu presenciei uma fala que não acreditei, não consegui entender como aquela frase havia saído da boca de uma pessoa que eu julgava consciente das coisas. A luta deve vir de dentro, deve começar no peito e desabrochar até o pé, que finca no chão e não se arreda até conseguir. Vamos agora dançar e celebrar a alegria de estar aqui. Vamos pulsar junto dessa bateria. Vamos celebrar a alegria da luta e a força conjunta que nos cabe aguentar. Vamos alegrar que a batalha há de se findar para, enfim, podermos sentar. É tudo de verdade, mas se você acreditar pode virar relação, pode virar outra coisa, pode virar revolução.