quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Tatuagem


Alguém uma vez me disse que o dedo anelar da mão esquerda faz uma conexão com o coração. Me disseram que é a única veia que faz a rota direta, o caminho único, da mão ao coração.


Um dia em Paris a gente foi sair e você desenhou na minha mão. Mais especificamente no meu dedo anelar da mão esquerda. Conectando justamente o teu toque ao meu coração. A tua arte ao meu afeto. A tua sensibilidade à minha subjetividade.


Risco-língua cuir trans. E a gente tatuou os códigos da nossa existência. Tu marcou minha pele pra sempre. De todas as maneiras que isso pode acontecer.


Terroristas de gênero que, com arte e beleza, desviam olhares, confundem as cabeças e existem em resistência e plenitude.


É muito louco porque eu não entendo o que a gente tem, que relação é essa, se existe um nome ou uma forma de definir. Talvez não precise de definição, assim como não precisa de entendimento. O que eu sei é que eu sinto, muito. Sinto tudo. 


Amor tesão paixão encontro acontecimento felicidade alegria euforia risadas conchinhas comidas abraços beijinhos músicas memes festa droga bunda no chão rebolação sorriso verdade coração.


Posso dizer que até agora não vivi nada tão real e verdadeiro como o que a gente vive. E é engraçado porque a gente conversa conversa conversa, habla habla habla e não chega a conclusão nenhuma. Acho que não tem conclusão, definição. Acho que a gente vive o que sente, partilha o que pode, se encontra quando quer. E isso torna tudo mais lindo.


Quando a gente tá junte é porque a gente escolheu estar ali. E, pra mim, isso é a coisa mais bonita que pode existir. Escolher, dentre de todas as opções que existem nesse mundo, a companhia uma da outra.


Eu sinto que tô sempre voltando nesse assunto, mas confesso que não consigo. É tanta coisa aqui dentro que só assim consigo colocar pra fora. É tanto amor que preciso transbordar, se não sinto que vou explodir.