segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Um e Um ou Um

Uma flor e um cobertor
Cobrindo o chão e o colchão
Enfeitando o gramado e me cobrindo a seu lado
Um prédio e um remédio
Um no chão e outro na mão
Feito de tijolo e escondido no bolo
Uma faca e uma arca
No meu peito e pesada com jeito
Me preenche com dor e recheada de valor
Eu espero e eu quero
Te desejo e não te vejo
Te teria e me despediria

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Despedir

Virei. Lá estava, estática e branca. Seus lábios não tinham mais cor e seus cabelos não tinham mais vida. Seu corpo não me encantava mais. Eu só queria voltar no tempo, dizê-la mais uma vez o quanto a amava e segurá-la em meus braços para impedir sua partida. Sentir o calor de seu corpo junto ao meu seria sempre algo que almejaria, mas daqui para frente não realisaria tal desejo. Não fui o único que a perdi, mas com certeza o que mais sofrerá com isso. Ela não tinha família ou algum amparo nesse mundo. Não que eu acredite que ela vá para o paraíso, pois não acredito em tal, mas se ele existisse ela com toda a certeza iria parar por lá. Era mais que merecido de sua parte. Sempre batalhou por sua vida e seu bem-estar, merecia descansar em paz. O que mais doía era o ocorrido antes de sua morte. Nossas últimas palavras um para o outro...

"Eu vou embora."
"Aonde pensa que vai?"
"Para longe daqui, para longe de você."
"Eu não entendo, o que eu te fiz?"
"Nada."
"Então por quê?"
"Não quero que entenda, quero que apenas aceite."
"Não posso aceitar se não entender."
"Eu não me importo, estou indo."
"Pare agora! É por causa de outra pessoa? Outro homem?"
"Não e por favor não pergunte mais nada... não quero te ferir."
"Mas eu não vou te deixar ir, você foi a melhor coisa que já me aconteceu. Eu preciso de você..."
"Por favor não deixe isso mais complicado, apenas me deixe ir."
"Não."
"Você não pode me impedir."
"Posso, e vou."
"Eu não te amo mais, não te quero mais, me deixe, está sendo cada vez mais difícil voltar para casa no fim do dia. Eu preciso sair dessa vida e procurar outra maneira de viver. Não dá mais. Sinto muito."
"Como assim não me ama? Eu não entendo... Não posso te perder."

Segurei-a quando tentou sair de casa, virei-a e beijei-a ternamente. De nada adiantou, ela se soltou de meus braços e se foi. Mas eu não a perderia. Entrei correndo em casa e procurei em baixo do colchão e achei-a. Voltei para a porta de casa. Ela não estava longe, sua mala era muito grande. Comecei a chorar, não consegui me segurar. Gritei seu nome e ela parou e virou-se para mim. Apontei-a para ela. Ela simplesmente fechou os olhos. Preferia ir daquele jeito a ficar comigo. Eu realmente não entendia. Ela caiu e corri para que não batesse sua cabeça. Tarde demais, já estava no chão. Levantei-me e fui andando em direção à nossa casa. Virei.