sábado, 24 de março de 2018

ainda assim, dói

fico esperando
você
virar a esquina
olhando pros lados
procurando seu rosto
na multidão

o espectro vasto
que encontro
de solidão
aqui dentro
me desperta
o coração

a gente sofre
mas a gente gosta
a gente se engana
diz que não sente (ou não quer sentir)
mas no fundo
a gente não controla

espasmos colaterais
compõe o meu sermão
que digo
em vão
com sutilezas escondidas
e declarações disfarçadas
acobertadas
e misteriosas
as verdades que se calam
no meu peito
pulsante
fervente
contente
carente
do seu olhar

que espero
virar a rua
pra encontrar