terça-feira, 27 de junho de 2017

neg(r)ar

eu não vou ganhar
não vou ser escolhida por seus olhos
não vou sentir o toque leve da sua boca
não vou ouvir seu suspiro em meu ouvido
"eu te quero"

a solidão se senta à mesa. serve-se e come. comendo lentamente, serve um vinho e saboreia. a solidão tem a pele da cor da noite, se esconde pelos cantos sem luz. ela não quer ser vista. apenas só se vê em seu espelho fragmentado.

lá fora, o sol brilha no mais fervoroso calor.

domingo, 18 de junho de 2017

Diálogo I

- Eu queria entender o amor.
- Tá escuro aqui.
- Acende a luz.
- Ascende, luz.
- O amor...
- Era sobre isso que você ia falar.
- Mas...
- O quê?
- Eu não sei o que é, nem por onde começar.
- Calma.
- Vamos com calma.
- É isso que eu queria entender.
- O quê?
- A calma.
- Taí duas coisas que não se respeitam, o amor e a calma.
- Não querem nem saber uma da outra, mas precisam de si.
- Eu gosto do céu.
- Oi?
- Adoro como o ele fica colorido de rosa no final do dia, quando o sol está para se pôr. Fica aquele azul de fundo se mesclando num roxo até chegar no rosa e daí mais um pouco se transforma em laranja e chega no tão esperado amarelo. Me fascina.
- ...
- Acho que é isso.
- O quê?
- O amor!
- Como assim?
- É isso! O encantamento, a fascinação com o simples, o dia a dia. O ordinário se tornando extra-ordinário, só por você o estar olhando. É isso.


- E a calma?...
- Passou.