domingo, 24 de setembro de 2023

de onde eu sou

o mar daqui é o céu é o mar daqui o céu mais belo que se confunde com o horizonte de grandes campos abertos grandes estradas cobertas de sol poeira terra vermelha seca seca seca a chuva inunda alaga e afaga os corações os caminhos se cruzam paralelos perpendiculares circulares setorizados aglomerados de prédios separados pelo verde que colore a cidade branca e cinzenta concreta discreta e discrepantemente distante e quente deserto árido regado por cachoeiras que correm ao seu redor

acordei com sono e lembrei que é muito difícil andar a pé aqui eu adoro andar mas os caminhos não facilitam nem sempre consigo seguir meus desejos e anseios queria uma vitamina de abacate uma bomba do guará e ver o céu da chapada chapade enrolade em braços calorosos no frio da noite desértica que habita esse lugar em busca do lugar de estar me busco pelos cantos angulados de retas paralelas e convexas que se dispersam na multidão outro dia queimei a mão mentira foi a língua mas não rimava então decidi meter a mão e a massa amassou na mesa os pratos talheres e copos vai ter jantar? ou vamo ter que esperar? a comida vai chegar? quem vai comer? você tem fome? de quê? o que você tem vontade de comer? se pudesse escolher estaria do seu lado bem abraçado sentindo teu calor o coração batendo a respiração acontecendo


(escrita automática, oficina de bazuca poética com o Coletivo Transverso, 30/08/2023)