Eu queria te contar uma história. [Não sei bem se devia ou se queria mesmo]. Ela começa outro dia, quando acordei de madrugada perturbada pelos meus sonhos. Acordei e não consegui mais voltar a dormir. Eu precisava pintar. Eu precisava colocar pra fora algo que se entalava e se escondia no meu peito, no meu sujeito singular e incomposto. O meu verbo é intransitivo e eu não consigo complementar. Eu tenho sede de me descobrir mas eu nem sequer sei acordar pra saber se de fato estou viva.
Olhei pela janela e só vi a escuridão. |Fechei| Eu não precisava de mais escuridão. Eu quero o claro, a claridade, a certeza, ou a incerteza mesmo. Mas a consciência.
Branco. Quero tudo branco.
Não sai. Não sai. Nada sai!
Eu estou me sentindo imobilizada.
É como se eu fosse sendo amarrada por cada traço que eu não consigo dar, cada pincelada que eu hesito em performar.
Isso tem que acabar.