sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Perfume

Eu esqueci do amor, do muito amor.
Eu esqueci da dor, da dor que me causou.
Eu esqueci do frio, do frio que me deixou.
Eu esqueci dos olhos, dos sorrisos, do
carisma, da flor, da cor, da causa, do efeito,
do temor, do chão, das formas, dos
abraços, do cheiro... Não. Do cheiro
não. O cheiro me persegue
como um campo infinito de rosas, em que
não importa o quanto se corra, o cheiro
sempre está lá.
É o cheiro que me busca, me enlaça, me
joga no chão e monta em cima de mim.
Ele vem como uma tempestade e, sem pedir
licença, me invade e se deixa entranhar e
estancar no meu sangue.
Como uma praga. Como aquela pessoa
que não foi convidada mas aparece. Como
alguém que mal se conhece mas não se
esquece. Como você, que aqui
permanece. Mas anoitece.

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Gyzelle Góes disse...

Bonito e real, os aromas nos invadem a alma!

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