terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Padrão dos Descobrimentos

(Inspirado, escrito e postado diretamente de Portugal.)

Sentado nessa escada gelada
Acompanhado por meu acordeão e meu cachorro
Vejo as pessoas passarem
Me observarem
Não me repararem

O vento frio sopra no meu pescoço
E eu a tocar minha música
Pra tirar uns trocados no fim do dia
Eis que ela passa
E o meu mundo pára

O tempo fica congelado
Eu toco pasmo
Espero que você me repare
Que você olhe pro lado
Que nosso olhar se encontre

E o momento aguardado acontece
Você saiu do carro, olhou pro chão
Depois reparou na minha música
E olhou pro lado
Olhou nos meus olhos

Naquele momento o frio cessou
Não me importava não ter nada
Não me importava estar na rua
Ficaria mais duzentos anos sentado
Desde que você voltasse a passar por aqui

Turista com certeza
Virou a cara e seguiu pra atração principal
Tirando mil fotos
Eles descobriram o Brasil
Mas eu descobri o amor

Quer coisa maior que o amor?
Que nem sabemos definir
Nem sequer explicar
Quanto menos medir
É algo que quase que não existe

Você anda pra lá e pra cá
Tira foto daqui e de lá
Mas uma hora terá de voltar
Seu carro ficou aqui do meu lado
E vai ter que passar por mim de novo

Continuo tocando
A música quase termina
E você se vira e começa a voltar
Eu quase pulo do chão
Quero me levantar e pra ti tocar

Logo começo a música de novo
E me preparo pro nosso "encontro"
Fico contando seus passos até mim
Observo cada detalhe seu
E parece um filme em câmera lenta

Um filme que eu não quero que acabe
Porque sei que não terá um final feliz
E eu devo confessar
Não é por nada não
Mas eu não gosto de filme triste

2 rubrica(s):

Bê Carvalho disse...

Nossa! Espetacular este!

Anônimo disse...

"Um filme que eu não quero que acabe
Porque sei que não terá um final feliz
E eu devo confessar
Não é por nada não
Mas eu não gosto de filme triste"
Eu soltei um "OWNNN" tão alto aqui! sahsahsahssah
Você é foda, Luli.
~ M. Pitú Dias

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