sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Porque Matemático Também Morre

sentado
tangenciando a morte
coço a cabeça
e me pego a pensar:
se eu logo morrer
o que verei do lado de lá?

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Sobre-ser

gira a roda que
anda a carroça que
segue pra
frente

no chão a
fruta que
devido à gravidade
caiu

os cabelos encaracolados que
caem sobre as costas as
curvas do corpo da
mulher

as pessoas passando na
rua feito formigas andando no
chão perdidas sem
rumo

escreve sobre o
papel o que te
aflige e mostra pro
povo

acaba com essa
dor e mostra o
que se esconde atrás de
você

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Notícia da Praça Central

Sentado no banco da praça
Observava as pessoas que passavam
Imaginava o que pensavam
E para onde estavam indo

Percebia cada detalhe
Não deixava escapar nada
Nem uma simples mancha na camisa
Nem um barro no sapato

Cada um tinha seu ritmo
Cada um com a sua pressa
Uns passeavam
Outros corriam

Montava histórias
Todos eram seus personagens
Escrevia-as em seu caderno
As mais peculiares tramas

Pintor, ator, escritor
Artista
Não era mal intencionado
Ou fraco das ideias

Mas algo aconteceu em sua vida
Da noite para o dia
Não se sabe o que foi
Nem se pergunta

Passou a não ir mais para a praça
Ficava confinado em casa
Ninguém o via
E ele não saía

Uns dizem que era pela arte
Outros dizem que ficou doido
Acho que se matou
Mas se morrer, me leve junto

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Final.

Roupa branca. Copos de espumante. O dia vai acabando e as pessoas se reunindo. Vai caindo a noite e a música começa a tocar. As luzes vão se apagando e o dia se acabando. Dia 31 de dezembro. Seja do ano que for, deixou marcas e memórias inesquecíveis em cada um. Já já vira o ano. As pessoas vão dançando e o dia se acabando. Anoitece. Daqui a pouco. Meia hora. O dia se acabando. 20 minutos. 10 minutos. 5 minutos. 1 minuto. Quase lá. 30 segundos. 10 segundos. 9, 8, 7, 6. As pessoas se aproximando. O tempo acabando e o dia se acabando. O ano se acabando. Entra agora um novo ano, novas histórias, novas memórias, novas pessoas, novos lugares, novas viagens, novidade. 5, 4, 3. Falta pouco. As pessoas vão se abraçando, vão se aprochegando, vão se amando. Começam a olhar pro céu. Em poucos segundos estará coberto de cores e luzes. A espectativa vai aumentando. O calor, a saudade, o amor. 2. É agora ou nunca. O último segundo, o último pensamento, a última música, o último beijo. 1.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Amor se Escreve com 's'

(Rubens, porque o amor é plural.)

Impressionante. As pessoas são surpreendentes. Nem sou lá tão fã de pessoas. Existem sim pessoas boas. Eu nem a conhecia... e ela me ajudou. E eu aqui com meus julgamentos, com minhas mil camadas de críticas. Até parece que tenho algo a esconder... fechada do jeito que sou. Quieta na minha conjunção. Definições nos aprisionam, somos o que somos. Com distinções, sem conceitos ou arquitetos. Não adianta tentar mudar ou se esconder por trás de máscaras para não verem quem realmente somos. Não importa o que falem e é isso aí. Aprendendo a conviver consigo mesmo. Difícil isso. Às vezes nem nós mesmo nos suportamos, quem dirá os outros. Essa coisa de estar com alguém... muito subjetivo. Ninguém é dono de ninguém. Não se controla um ser humano. Igual não se controla amor. Quem gostamos ou deixamos de gostar. Sentimentos são impulsivos. Não acontecem quando desejados. Simplesmente acontecem. Estão dentro de nós e se manifestam quando estimulados. Pelo que quer que seja. Aí vai de cada um, somos influenciados diferentemente por coisas iguais. Que na verdade não são iguais pra pessoas diferentes. Cada uma com sua subjetividade observa algo da sua maneira, com seus olhos. Nada é o mesmo quando tratamos de pessoas e interpretações.

Te observo cautelosamente. Com olhar de águia, reparando em cada detalhe. Você devia usar mais preto... lhe cai bem. Só um segundo, e nossos olhos já não se encontram mais. Acabou. Virou as costas e foi embora.

Vamos vivendo. Assim.
Amando com muito ódio e odiando com muito amor.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Política Também Termina com 'p'

partindo do princípio de que
políticamente o partido
procura proclamar
pacificamente prosperidades populacionais


não nos enganemos com a politicagem desse povo.

domingo, 16 de dezembro de 2012

[Morena] Grande Menina

Morena na frente do espelho
De maria-chiquinha
Vestido de bolinhas
Sapato de boneca

Já foi, mulher
Tu não é mais menina
Não adianta fazer maria-chiquinha
E colocar sapato de boneca
Já passou o tempo de fazer brincadeiras
Anda
Depressa
A vida não espera por ti
Acordar cedo e se arrumar pro trabalho
Salto-alto e roupa social
Coque
E um batom pra completar
Acabou a mordomia
O dia corre
E o tempo urge

Agora tu é mulher, morena
Não brinca mais lá fora
Não rola na lama, não come fruta do pé
Agora tu é mulher, morena

Agora
Agora tu cresceu

sábado, 15 de dezembro de 2012

Sufixo Problemático

Vocêzinho aí!
É, tu mesmo.
Tô falando é contigo!

Você fica aí se achando todo bonitinho, todo especialzinho com essa sua vidinha mediocrizinha e certinha.
Se acha todo engraçadinho com suas piadinhas, suas cartinhas, seus presentinhos.
Mas não é bem assim...
Não é só porque é -inho que pode.
Na verdade não, não pode.
Sufixo não é justificativa para agir desse seu jeitinho.
Vê se toma tenênciazinha nessa sua vidinha e se resolve.
Porque não vai ser possível a convivência desse jeito...

Acho que é esse tal de sufixo que te atrapalha, esse diminutivo que complica.
Livre-se disso.
Seja você. Só você.
Sem depois, sem adicionais, sem sufixos ou diminutivos.
Sem as complicações.
A vida já é complicada demais pra isso.

Vê se esquece esse finalzinho.
Não seja alguma coisa -inho.

Cada um com sua índole.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

La Noyée


Calmamente. Começa calmamente. Com sutileza e carinho. Te envolvendo por completo. Começa a tirar teus pés do chão e te levar a lugares desconhecidos.

Avança. Você está chegando lá. Já flutua.

Daí chega no ápice. Você já foi levado a todos os lugares possíveis. Sentiu tudo o que tinha pra sentir. Não há nada que você não possa fazer, nada que não possa alcançar, nada que não possa amar.

Avança. Você agora volta. Volta a seu lugar. Ainda flutua, mas está chegando.

Um final triunfante, cativante, emocionante. Você voltou mas não está aqui. Ainda se sente flutuando.

Avança. Você precisa disso. Mais uma vez.

E a música começa de novo.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

[Morena] Pequena Mulher

Morena na frente do espelho
Com vestido de festa
Salto 15
Batom vermelho

Calma menina
Tu ainda há de virar mulher
Não adianta passar batom na boca
Colocar um salto alto
Desce
Espera
Não pule
Um passo de cada vez
Viva cada momento
Viva tua infância
Pois não se tem de volta nada disso
A partir do momento que se vira mulher
Acabou
Virou mulher e daí pra frente
Já era

Volta a ser menina, morena
Volta a brincar de boneca
Correr lá fora, subir em árvores
Volta a ser menina, morena

Volta
Volta pra mim