sexta-feira, 17 de maio de 2013

Minha Sina

(Um assassinato para a minha querida psicopata Marília.)

Acordei. Me sentia meio estranho. A noite anterior não havia me caído muito bem. No que levantei, estava com a visão embaçada, meio turva. Sentei na beirada da cama tentando voltar ao normal antes de levantar. Olhei em volta e o quarto estava todo bagunçado, muitas coisas fora do lugar. E não me recordo de nada. Vou até o banheiro e lavo o rosto e, por algum motivo desconhecido, não me olho no espelho.

Vou à janela. Abro-a. A luz na cara do sol a pino ofusca minha visão. Caramba! Já são meio-dia. Não imaginava que tinha dormido tanto... Lugar desconhecido. Não reconheço a vista. Olho para dentro do apartamento e também não o reconheço.

Uma mesa. Em cima, um box de cigarros. Malboro vermelho. Meu preferido. Mas não é minha casa. Meio inquieto, pego um e começo a fumar. Alívio. Como se por um segundo não importasse aonde eu estava ou como havia chegado lá. Não importam meus problemas, nada. Apenas aquele cigarro. Cada tragada me liberta um pouco mais daquela agonia de não saber o que aconteceu ou o que está acontecendo.

Acabando o cigarro vou andando pela casa. Vendo se há mais alguém por lá. Passo por uma porta, por outra. E quando vou passar pela terceira vejo um vulto dentro. Paro de repente e espero um pouco. Dou uma espiada dentro do cômodo. Outro homem. Ele vasculhava as gavetas de uma cômoda. Procurava incessantemente por algo que não conseguia achar. Um suspiro. Ele achou. Eu não conseguia ver o que era, e então ele abaixou os braços. Uma arma. Parei de olhar naquele instante. Respirei fundo e fui procurar um lugar para me esconder. Corri para a sala e logo achei a cozinha.

Uma cozinha um tanto quanto peculiar. Parecia um açougueiro. Facas e mais facas das mais afiadas possíveis. O que diabos esse homem faz com essas facas? Bom, acho que preferia não saber isso. Peguei uma e me abaixei atrás da bancada. A respiração a mil e as batidas do coração quase na minha boca não me ajudavam a manter o controle. Ouvi passos na sala e o homem bufando.

Entrou na cozinha. Prendi minha respiração. Era agora ou nunca. Levantei bruscamente e, sem nem ao menos ver o rosto do homem, minha mão avançou em sua barriga. Ele parou. Gruniu de dor. Caímos no chão.

Ao me levantar de cima do homem fui finalmente reparar em seu rosto. Era eu! Mas como? Que delírio era esse? Como poderia eu ter me matado? Isso não é possível!

Acordei. Sonho louco esse. Me sentia meio estranho. A noite anterior não havia me caído muito bem. No que levantei, estava com a visão embaçada, meio turva. Sentei na beirada da cama tentando voltar ao normal antes de levantar. Olhei em volta e o quarto estava todo bagunçado, muitas coisas fora do lugar. E não me recordo de nada, só do sonho. Vou até o banheiro e lavo o rosto e, por algum motivo desconhecido, não me olho no espelho.

Vou até a cozinha tomar uma água. Abro a geladeira e pego uma. Fechando a porta reparo, um corpo no chão. Como? O que aconteceu? Por que tem um corpo na minha cozinha? Não pode ser... Foi só um sonho. Um sonho. Olho minhas mãos e estão cobertas de sangue. Olho o rosto do corpo. Meu. Corro no banheiro para lavar as mãos. O espelho capta meu olhar. Mas não me reconheço, não reconheço meu olhar. Estava vazio.

Mal sabia eu que, no final das contas, quem havia morrido era realmente eu. E sim, eu mesmo havia me matado. O sonho apenas me relembrava disso criando todo um cenário em que eu matava outro eu. Um eu refugiado numa casa estranha se defendendo de um eu furioso com uma arma. O sonho representava que - havia eu - morrido por dentro.

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