sábado, 17 de setembro de 2016

Transeunte

Efêmero
Efêmero
Como o dia, a noite
Como as pequenas partículas
Como a respiração
Efêmero
Distante e eterno
Constante e momento
Efêmero
Como o dia que anoitece
fogo.

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sobe
sobe
a fumaça sobe
a fumaça desce
e a fumaça passa
exatamente por aquele buraco
que eu acreditava não existir
que eu jurava não encontrar mais
saía
livre e solta
dispersa no ar
preenchendo
olhar

sábado, 4 de junho de 2016

A Última Vértebra

(Para Salina. Para Ana Teixeira e Stéphane Brodt. Para o Amok Teatro. Para os atores. Para o teatro.)

Os pés que tocam o chão
energia

A força que leva a intenção
sinestesia

Os olhos enxergam
mas é o coração que
sinceramente


Teu solo é sagrado
o chão que toca em seus pés
desloca
e me envolve
com o mais sincero abraço
de gratidão

E diante da imensidão
de te ver
construir serenamente
me arrebatar de repente
uma lágrima escorre
sensação

A gota se desmancha no meu rosto
que sinceramente chora
sinceramente ri
e te contempla
sinceramente sua

Diante de você me entrego
de corpo e alma
e esses corpos que diante de mim
se estendem
penetram a calma
e desmancham a saliência
que brotava em minha mente

A vastidão de teus silêncios
e o encanto de teus versos
me acalmam
e ao mesmo tempo me emudecem
a ponto da reação se transpassar
na afetação

Troca
Afeto
Emoção
Sinestesia
Aprendizado
Gratidão

sábado, 14 de maio de 2016

Pois agora vou falar

As pessoas falam que "querer não é poder" pra suprimir o desejo de querer dos outros, pois querer é sim poder.

O erro da desconsideração
do desprezo
A frieza dói
Não me importo
Mas dói
Não tinha que ser assim
Vale a pena
(E é uma frase clichê mas preste atenção na veracidade irrevogável das palavras acima)
É necessária a compreensão
de ver o coração
A gente sente
e se desfaz em sentimento
Des culpa
a culpa
que não existe
mas se disfarça
nos momentos
E nos tempos sem passado
Nas horas incansáveis
Que existem 
E que insistem em dizer que não
Que somos menos
Que não tem que ser assim
Pois eu digo que tem
Digo que vai ser
E digo por várias
Por vários
Por muitas e muitos
Não acaba
Apenas começa
E recomeçando
Se move, se muda, se espia
E desvia
Dessa consciência
Distorcida e absorvida
E se torna resolvida
E plena de si.

sábado, 19 de março de 2016

Sem saber o que gritar, digo apenas o que me entala.

O coração dá o pulso do grito que ecoa dentro de mim
De nós e do tempo que nos pede com calor
Ação.

O sangue nas veias corre por explicação
Se enchendo de emoção que salta dos olhos por rios 
De afetação.

No final
A busca compõe de certos errados e inversos contrários
Universos de diferenças extensas que complementam a exposição.

E digo que não
Não vai ser desse jeito nem do outro
Mas conjunto com todos que seguiremos nessa canção.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Pouco verso hoje junto.

Eu não faço questão
do tormento ou da razão
Mas esse riso de expressão
não justifica nada

Eu quero a emoção
explica a ação
E que eu me contenha de paixão
mas me deixe

Entenda que não
eu quero dizer não
E seria a mais fácil expressão
da mentira

Difícil intenção
compreender pela razão
O que nem a emoção
dá conta

A seriedade da ênfase
necessária
Não
eu não faço questão

sábado, 30 de janeiro de 2016

Sobre ser Coletivo

Eu sinto um cheiro no ar.
O cheiro contagia e se espalha
Me entrelaça e se desfaz
Mais uma vez
A poética me conta sua história
Enquanto o som se faz música
As palavras viram melodias
(en)Cantam
(dis)Farçam
(des)Pedem
Com amor
Aguçado
Dessa forma
Ama(da)
Me conta
Momentos
Me canta
Dissonante
Desordenante
Contente
Brilhante
Apaixona
Me emociona
Juntos
Se completando
Se sendo
Complemento
O cheiro
Irreconhecível
Mas, ao mesmo tempo,
Inconfundível
Calor que afaga
Faz carinho
E acalma
Me vejo
Sendo mesmo
Etéreo
E impermanente
Incongruente
E
Satisfatoriamente
Fogo.
Ainda assim
Se apaga
Se acaba
Se deixa
Ir
Deixar de ser físico
Para se tornar
Cheiro
Elemento
Gosto
Memória
Conjunto
Coletivo
E história.
Vira cor de flor
Com cheiro de fósforo.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Entre

Me sentir assim
Não entende
Mas é o fim
Porque eu sou ela
Sou fadada a ver destinos
Fadada a escrever amores
Mas não
Não vivê-los
Não compreendê-los
(In)seguramente pensar
Que seria digna
De palavras
E ambições
Tremores e paixões
(In)discutivelmente desejar
Ao menos que fosse hoje
Ou por essa noite
De alegria
Que o dia
Não me deixasse só
Mas que preenchesse
Com o calor
De se nos dar
Um nó

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

O último terço do quarto

Hoje eu durmo
Com vinte
Convite

Capto captando
Olho olhando

Disfarço o embaraço
Combino o apreço
Desmereço
Recomeço

Desvio na volta
Dilato
O retorno me contorna
Pela borda

Disfarço

Infinito
é o que me cabe no começo do tempo
que
um dia
julguei perdido

Nunca
é o que me persegue
na esperança de me contar
algo
que não ouvi falar

Sempre
é o que me guarda
no peito
quando me lembro
do que já passou

Depois
é verbo não conjugado

Talvez
é adjetivo mal passado

Espera
é caos incontrolado

domingo, 25 de outubro de 2015

Café da Manhã

E
de repente
assim foi

E
de repente
virou história

E
devagar
a gente foi se esquecendo

E
dilatar
fui esperando

E
sem pesar
passou

E
sem parar
o tempo continuou

E
sem contar
os dias passaram

E
ao contrário
não te esqueci

E
por outro lado
nem era pra ser

E
enfim
te conto como se fosse mais uma daquelas histórias de café da manhã

domingo, 18 de outubro de 2015

A vida é feita pra quem segue.

Eu começava a ponderar o que eu queria entender. Me perguntava mas não encontrava o sentido ou mesmo o aviso de como proceder. Procurava o inverso, o manifesto, o processo da seriedade que leva ao riso. Observava e compunha a melodia do nosso encontro, direto ao ponto, diferente do cuidado que repousa no teu canto. Tentava me aproximar e remexia ao tocar, cuidando pra não reparar e esperando pra sonhar. Sentava, mas logo queria levantar. Desviava, mas logo queria voltar a olhar.

Vou ser bem honesta, eu nem te reparava direito até o dia em que comecei a me importar e comecei a querer entender, de curiosidade, o que se passava com você. E foi nessa curiosidade, curtida e em diferença de idade, que eu me peguei sonhando com você. Acordei meio atordoada, meio corada, meio desacreditada que era isso mesmo o que acontecia e se revelava pra mim. E foi assim, que eu comecei com o pensamento que contradizia o meu gesto mas que queria me colocar na sua frente e te perguntar da gente. Queria que dessa vez fosse diferente, que de um jeito meio louco isso fosse pra frente. Queria te dizer contente, com um sorriso no rosto, que você me faz falta. Que tua presença me exalta e que teu olhar pra mim me deixa de um jeito, que eu não sei explicar direito, mas que faz eu querer me perder ali. Agora, pra sair daqui, não quero ter que te pedir mas queria que você soubesse disso tudo e que me dissesse que é absurdo, mas que você aceita. Aproveita.

Eu sei que você foi embora mas ainda espero te ver agora. Só pra ver mesmo. Só pra ficar de longe. Pra tentar entender o que se passa na minha cabeça. Tentar entender essa sensação louca que me vem querendo olhar pra você.

Mas acabou. A sensação não cessou, mas o desejo se esvaiu. Se consumiu em mim. Eu fiquei sentada escutando suas desculpas, e não te culpo mas também não significa que eu queria que fosse assim. Eu esperava poder te dizer o propósito desse texto, o propósito de estar pensando assim.

O dia acabou, enfim.