quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Senti(n)do

O colo ficou frio.
O olhar ficou perdido.
As palavras, sem senti(n)do.

Você se levantou e eu mal sabia que seria para não se deitar mais. Você se levantou e o mundo a minha volta se esfriou. O vento gelado penetrou minha pele e congelou minha espinha, meus órgãos, meu coração (parou). Você se levantou e meu olhar te acompanhou. Até que você saiu de vista, meu olhar já não sabia mais aonde ir, não sabia o que olhar. Não sabe mais. Ele procura um rosto na multidão e não encontra. Tenta ver os lados, os ângulos, os graus. Nada. Nada enxerga. No meio disso tudo, você me dizia algo. Mas o seu afastar fez com que eu parasse de escutar. Parasse de entender. Você dizia o quê? Eu o quê? Como é? Não sei. Não faziam mais sentido as palavras. Até que elas simplesmente pararam. Para não voltar mais, também. Não se faz mais questão. Não é mais essa a expressão. Não se tem mais... simplesmente não. Do nada. E simplesmente parou. Simplesmente estancou e ficou. Como o sangue que sai, corre e escorre e uma hora seca. Uma hora ele também para. O medo que me invadiu, me possuiu, agora mudou de nome. Ele é muito mais difícil de resistir, muito mais difícil de me fazer sorrir. Não tente compreender, não foi com você. Mas sim, foi você. O medo virou raiva e dessa partiu para melhor. Me deixou aqui nessa, para aguentar tudo. Sim, me dói. Sim, me distraio. Sim, eu tenho conseguido. Sim, eu tenho saído. Sim, tenho me divertido. Mas nossa, acho que não precisava ser assim né?!... Bom, quem sou eu para dizer alguma coisa. Na verdade eu deveria dizer muitas coisas, mas acho que você também não vai escutar e achar que é implicância minha. Nada posso fazer. Vou aceitando. Superando. Ou melhor, acostumando.

O inverno chegou.
Eu fecho a porta e vou para debaixo das cobertas.
O frio agora é interno.

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