quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Questão de Instante

Música clássica ao fundo

E o mundo
Se acaba na minha frente

Tudo se despedaça
Vai pro espaço

A morte comoveu o país
Deixou todo mundo abismado

"Não esperava isso dele"
Mas todo mundo tem seu ponto final

E agora contam por aí
Como foi que vivi
Tudo o que fiz
E mais um pouco
Pois quem conta um conto
Sempre aumenta um ponto

E no meu caso
Virou até reticências...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Allegro ma non troppo

Eu Eu ando Eu ando desistindo Eu ando desistindo de você Ando desistindo de te ter Desistindo de dizer o que está entalado em minha garganta O que meus olhos gritam quando te encaro Mas você não vê Ninguém vê Mas está lá Nitidamente escondido por trás do meu sorriso de quando te vejo E principalmente quando sei que está olhando pra mim Está lá Basta parar e olhar Fica estampado no meu rosto Que fica corado Que fica mudado Quando você está por perto Mas aí você vira as costas e vai embora E tudo fica complicado E eu não tinha falado E você não tinha se explicado E ficou tudo pela metade E me dá vontade de desistir Desistir de tentar Desistir de falar Desistir de explicar Deixar pela metade e ver no que vai dar Antes fosse tão fácil simplesmente decidir e deixar estar Mas o que é a vida se não complicar? Mas tem horas que acho que não sei... É melhor assim Ninguém se incomoda desse jeito Deixe eu com minhas amarguras e fechaduras Com minha cerâmica quebrada e meu vidro rachado Com a tela rasgada e o cigarro inacabado Com tudo pela metade

domingo, 9 de setembro de 2012

Porquem Ontem Já Chorou

(Para meu irmão Lucca e meu primo Hugo, e seus insaciáveis vícios de Segunda Guerra Mundial.)

E parado deitado, suando frio e debaixo de chuva, eu penso em casa. Penso em estar de volta nos braços de minha mãe e ouvi-la dizer que está tudo bem, que está na hora de deitar, já é tarde. Sinto falta de casa, da rotina de acordar toda manhã para estudar, assistir a aulas e discutir com os professores.

A vida é um conto. Uma história que se repete. Fatos que acontecem. Momentos que, ora se vive e ora se passa. Momentos.
E o tempo, que passa por nós despercebido, é o mais cruel de todos.

Eu e meus colegas, todos morrendo de medo, não sabendo o que nos espera do outro lado. Todos ali por uma causa, é o que nos faz continuar. Obrigados a estar aqui procuramos olhar o lado bom, e pensar no que nos espera se voltarmos.

Respiro fundo e mal me movo. Olho pela mira e o acho. Respiro fundo. Mão no gatilho. Tiro. E ele cai.

Fico imaginando como a família dele vai ficar quando receber uma bandeira e uma carta, dizendo que seu filho/marido/pai havia sido morto, que lutou bravamente por seu país, mas acabou morrendo por conta de um pobre coitado do outro lado que só quer voltar pra casa, assim como ele queria.

Não se pode ter perdão, não se pode pensar no que acontece depois que se mata alguém. Se pensar muito, ganha o mesmo destino.

Em tempo de guerra, é cada um com seu time. Sem hesitação ou segundas chances.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Realidade Profunda

Lá no fundo
No fundo do poço
No poço
Água

Pinga
Cai a gota
Enche o balde
Transborda

Oceano, mar ou rio
Um no outro
E o outro no um

Imensidão
Que toma a forma de qualquer coisa

Afoga-se nas profundezas

sábado, 1 de setembro de 2012

Sem Gênero

Uma cena, uma imagem, uma memória de você. De nós.
Uma gota de chuva cai e estraga a pintura, molha a foto, borra o que aconteceu.
Pra quê mudar o passado?
Foi bom do jeito que aconteceu e foi ruim do jeito que tinha que ser.
Mas já passou.

Sigo em frente, de coração partido mas com muita poesia guardada no bolso.
Aproveitando o beijo de partida e o abraço de quem chegou.
Porque ontem já chorei.
Não que uma coisa anule a outra.
Mas não me enrola que tá na minha hora.